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domingo, 24 de novembro de 2013
Negociações sobre programa nuclear iraniano entram em 'fase difícil'
Genebra — As negociações em Genebra sobre o programa nuclear do Irã entraram neste sábado em uma fase "muito complicada", devido às profundas divergências entre os negociadores ocidentais e iranianos.
"As negociações entraram em uma fase muito difícil e os negociadores iranianos insistem no direito de nosso país. Nós não estamos prontos para aceitar um acordo que atente contra os direitos e interesses do Irã", declarou o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif.
"Nós nos opomos a qualquer pedido excessivo", insistiu.
"O enriquecimento de urânio deve fazer parte de qualquer acordo (...) Asseguramos que o enriquecimento não irá parar", acrescentou Zarif, referindo-se a um dos principais pontos de divergência entre as duas partes.
"As negociações são muito difíceis. É importante ressaltar que estamos aqui para que as coisas sejam concluídas", ressaltou por sua vez o chefe da diplomacia britânica, William Hague, antes de se reunir com seus colegas da França e da Alemanha.
Hague se encontrou com o francês Laurent Fabius e o alemão Guido Westerwelle para discutir o avanço das negociações iniciadas na quarta-feira em Genebra entre o Irã e o Grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha).
"Só iremos concluir um acordo, os seis países envolvidos, que trate os problemas levantadas pelo programa nuclear iraniano", advertiu Hague.
Referindo-se à história deste confronto, que já dura mais de dez anos entre o Irã e a comunidade internacional, o diplomata britânico lembrou: "nós nos lembramos da história, de como este programa foi ocultado e desafiou os acordos internacionais".
"É muito importante que o acordo seja (...) detalhado e abrangente" e "que o mundo inteiro possa ter confiança no fato de que ele será respeitado", continuou William Hague.
Uma opinião compartilhada por Guido Westerwelle, para quem "há uma chance realista (de se chegar a um acordo), mas que ainda há muito trabalho".
Zarif também considerou ser "muito cedo" para julgar o resultado das negociações.
O secretário de Estado americano, John Kerry, se reuniu pouco depois de sua chegada a Genebra com a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton.
Em seguida, Kerry discutiu com o ministro francês Laurent Fabius, cuja "inflexibilidade" não permitiu um acordo durante o ciclo anterior de negociações, concluído em 9 de novembro.
Progressos
Em sua chegada, Laurent Fabius reiterou que desejava "um acordo sólido" e que tinha vindo "para trabalhar".
Kerry deve ainda se reunir com o seu colega russo, o chefe da diplomacia Sergei Lavrov, que encontrou sexta-feira à noite em Genebra Mohammad Javad Zarif.
Lavrov considerou que, "pela primeira vez em muitos anos, o (grupo) 5+1 tinha uma chance real de chegar a um acordo", em declarações divulgadas neste sábado pelo seu gabinete.
Os diplomatas do Irã e do Grupo 5+1 negociam desde quarta-feira um acordo provisório para limitar o controverso programa nuclear do Irã, em troca de um alívio das sanções impostas à República Islâmica.
Progressos
Sexta-feira à noite, o chefe dos negociadores iranianos Araqchi considerou que as posições de cada parte se aproximaram. "Nos aproximamos de um acordo em grande medida, mas apesar dos progressos realizados hoje, ainda restam temas importantes pendentes" para resolver, disse, citado pela agência de notícias Mehr.
As negociações se baseiam em um texto de 9 de novembro, redigido durante a rodada anterior de negociações, que terminou sem acordo.
Este projeto de acordo temporário de seis meses, que, segundo uma fonte ocidental, seria renovável, prevê que o Irã limite seu programa nuclear em troca da suavização das sanções internacionais contra o país.
Um dos principais assuntos sobre a mesa é o futuro das reservas iranianas de urânio enriquecido a 20% (a barreira a partir da qual é possível obter rapidamente uma porcentagem de 90%, que permite a fabricação de uma bomba nuclear).
Poucas coisas foram reveladas sobre as sanções econômicas que atingem o Irã.
De acordo com estimativas de fontes americanas, o Irã perde 5 bilhões dólares a cada mês e já teria perdido cerca de US$ 120 bilhões devido a essas sanções. Mais de 100 bilhões de ativos iranianos estão congelados em bancos em todo o mundo.
O alívio "limitado" e "reversível" das sanções poderia resultar em um descongelamento de alguns desses ativos, os números variam entre 6 e 10 bilhões pelos seis meses. Ao mesmo tempo, devido à manutenção do embargo ao petróleo o Irã perde cerca de 30 bilhões.
Para Israel este acordo "é ruim. Se for assinado, ainda restará muita coisa a fazer para confrontar o Irã ao dilema: a bomba ou a sobrevivência" do regime, considerou o ministro israelense da Defesa, Moshé Yaalon.
AFP
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