Mais de uma semana após a passagem do
tufão Haiyan perl
Filipinas, o número de mortos e desaparecidos na tragédia segue a
aumentar. Neste sábado, o governo elevou para 3 633 o total oficial de
mortos. Já o número de desaparecidos subiu de 77 para 1 179. Os danos
financeiros alcançam a soma de 227,4 milhões de dólares, dos quais a
maior parte corresponde a perdas no setor agrícola nas ilhas mais
atingidas de Leyte e Samar, informou o Nacional de Redução do Risco de
Desastres e Conselho de Gestão.
No boletim emitido sexta-feira, o número de mortes estimadas era
de 2 360 e os danos contabilizados estavam na casa dos 93 milhões de
dólares. As estimativas sobre o número de mortos têm variado muito.
O governo tenta conciliar o atendimento dos sobreviventes e, ao mesmo
tempo, encontrar, identificar e registrar com precisão os mortos em uma
das piores tempestades do país.
A Organização das Nações Unidas (ONU) relatou na quinta-feira um
número de mortes de 4 460, citando relatórios do Departamento Filipino
de Assistência e Desenvolvimento Social. Um general da polícia de uma
das províncias afetadas foi demitido de seu cargo depois de dizer as
mortes poderiam chegar a 10 000.
O chefe da agência de desastres, subsecretário Eduardo del Rosario,
disse que as contagens oficiais estão sendo feitas meticulosamente para
garantir "que seria, mais ou menos, mais perto da verdade." Ele disse
que houve relatos iniciais que eram o dobro do que foi posteriormente
verificado por seus agentes em campo.
Ajuda — Mais vítimas do tufão Haiyan estão recebendo
tratamento médico neste sábado, mas a assistência continua precária
devido à devastação quase completa de várias áreas na região central do
arquipélago. Enquanto os moradores de Tacloban tentam voltar à
normalidade, autoridades e voluntários da região trabalham as 24 horas
do dia para dividir os alimentos que já chegaram e distribui-los entre
os afetados o mais rápido possível. Segundo disse à agência EFE Joel
Espejo, um funcionário do Ministério de Bem-Estar Social e
Desenvolvimento das Filipinas, deslocado em Tacloban, uma equipe de
voluntários trabalha em turnos de 12 horas para organizar a distribuição
dos alimentos, que dividem em pacotes familiares que contêm arroz,
produtos enlatados e água.
"Estamos distribuindo comida continuamente e não vamos parar enquanto
tenhamos alimentos no estoque", afirmou Espejo. Segundo ele, o país
conta atualmente com 872 toneladas métricas de arroz e 290 de alimentos
enlatados que chegaram de distintas ONGs e doações. Mais de 100 pessoas
trabalham na empreitada para preparar os pacotes familiares e há oito
caminhões para distribuir a ajuda aos chefes de distrito de Tacloban,
que depois os repartem entre as famílias de sua região.
Edward Ty, outro membro do Ministério de Bem-Estar Social e
Desenvolvimento, destacou que os voluntários são moradores da região e
que também eles recebem um pacote de ajuda como compensação por seu
trabalho. Embora tenha destacado que o trabalho é cada vez mais intenso,
Ty admitiu que pela noite se freia em grande medida, já que os
moradores têm medo de sair à rua devido à situação de insegurança que
assola a cidade de Tacloban.
O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA)
assegura em seus últimos dados que 170 000 pessoas já receberam 34
000 pacotes de alimentos na província de Leyte, onde está Tacloban. Além
disso, acrescentou que 150 000 pessoas têm agora acesso à água em 28
000 pontos de distribuição em Tacloban e que, na província, mais da
metade dos municípios já contavam com rede telefônica.
No entanto, a agência da ONU triplicou o número de pessoas deslocadas
que se encontram nos arredores dos centros de evacuação no país, que
ascende agora a 1,4 milhão de pessoas. Enquanto isso, os moradores de
Tacloban tentam reconstruir seus lares com os escombros deixados pelo
tufão, com os quais levantam pequenas tendas de campanha improvisadas
para refugiar-se das precipitações da época de chuvas.
Os trabalhos de emergência melhoraram notavelmente na quinta-feira
com a chegada do porta-aviões americano George Washington, que atracou
em frente ao litoral de Tacloban, uma das cidades mais afetadas na ilha
de Leyte. O George Washington transporta 5 000 fuzileiros navais e 80
aeronaves para distribuir alimentos, água e remédios nas áreas mais
remotas da ilha, onde a ajuda internacional chegou dias depois do
desastre.
Dinheiro - Na noite de sexta-feira, a ONU diz ter recebido 72 milhões de dólares dos
301 milhões que solicitou para
ajudar as Filipinas, devastadas pelo tufão. O ógão havia feito um
chamado na última terça-feira, com o objetivo de arrecadar 301 milhões
de dólares para um período que vai até o fim de maio de 2014.
No total, levando em conta o resultado do chamado e as contribuições
procedentes de outros órgãos externos, foram arrecadados 153 milhões de
dólares em favor das vítimas do tufão, estimou o diretor de operações do
Ocha, John Ging.
"Os contribuintes responderam de forma muito generosa, e o dinheiro
está chegando muito rapidamente", disse Ging, assinalando, no entanto,
que a chegada de material de emergência "é lenta, na opinião da
população local".
Saiba mais: Entenda como se formam e se classificam os fenômenos
A prioridade é a retomada do abastecimento de água potável, bem como o
restabelecimento da ordem nas áreas arrasadas, onde a ONU se mostra
"muito preocupada com os mais vulneráveis, como as mulheres", afirmou
Ging.
O Japão, que já conta com uma equipe formada por 25 especialistas nas
Filipinas, anunciou que na semana que vai enviar três navios militares e
que aumentará a ajuda para 52,1 milhões de dólares.
As equipes de emergência sofrem para retirar os corpos das ruas das
ilhas de Leyte e Samar, onde já removeram os escombros de várias
estradas, o que facilita a chegada das provisões aos afetados.
Haiyan, com ventos de até 315 km/h, foi o tufão mais forte registrado
e o terceiro desastre mais mortífero na história recente das Filipinas.
veja.abril