O ano de 2013 não foi, de forma geral, positivo para o investidor. Com exceção do dólar,
que subiu 15%,
foram os investimentos mais conservadores, como a poupança antiga e
alguns títulos do Tesouro Direto, que garantiram leves ganhos sobre a
inflação, que
fechou o ano passado em 5,91%
– variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),
divulgada nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Nacional de Geografia e
Estatítica (IBGE). A própria poupança, com as regras novas, perdeu para a
inflação no ano passado.
Levantamento feito por economistas a pedido do
G1 aponta que, em 2013, a poupança rendeu 6,3% nas regras antigas (
alteradas em maio de 2012)
e 5,8% nas novas regras (para aplicações feitas a partir de maio
daquele ano). As Letras Financeiras do Tesouro (LFT), um dos títulos do
Tesouro Direto, com vencimento em 2017, renderam 7,06% (já com o
desconto do Imposto de Renda).
Na outra ponta, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa),
fechou o ano com perda acumulada de 15,5%.
O ouro caiu 17,4% em 2013 (preço do contrado futuro padrão da BM&F
Bovespa, considerando a barra de 250 gramas), de acordo com dados
passados pela Pioneer Corretora.
O ano foi marcado pelo retorno da
alta da taxa básica de juros da economia brasileira,
a Selic, mas com a economia mundial ainda frágil por resquícios da
crise de 2008, o que trouxe volatilidade a investimentos de maior risco,
como ações.
“Sempre que a gente tem um cenário de alta de inflação, isso complica
mais a vida do investidor. Então, para você conseguir um ganho real,
você precisa assumir mais riscos. Quem estava em bolsa não conseguiu.
Quem estava em um título pré-fixado [do Tesouro Direto] também não
conseguiu, por conta do aumento da taxa de juros. Quem conseguiu foi
quem entrou na poupança, pouca coisa, quem estava em uma LFT [outro
título do Tesouro Direto] ou num fundo DI com uma baixa taxa de
administração”, disse o diretor da corretora Easynvest, Amerson
Magalhães.
Tesouro Direto
Sem altos riscos, a LFT é um título do Tesouro Direto adequado para
quem tem o perfil conservador, avalia Magalhães. O rendimento de 7,06%
em 2013 é para títulos com vencimento em 2017. Isso porque o governo
emite diversos tipos de títulos com vencimentos em anos variados, que
têm rendimentos diferentes.
“A LFT acompanha a Selic. A característica dela é acompanhar a taxa de
juros. É menos arriscado (....). O risco que se corre é ter a inflação
muito alta e a taxa de juros não acompanhar a inflação”, explicou.
Magalhães explicou, contudo, que há outros títulos do governo adequados
para diferentes perfis. Um deles é indicado para se proteger da
inflação, a NTN-B (Notas do
Tesouro Nacional
– Série B). “A melhor forma de você se proteger da inflação hoje é a
NTN-B. Ela paga a inflação mais a taxa de juros, que flutua bastante”.
O especialista salientou, contudo, que no caso dos títulos do Tesouro
Direto o indicado é só retirá-los no ano do vencimento. Nesta
quinta-feira (9), por exemplo, a NTN-B com o menor prazo de retirada
oferecida pelo governo era de 2020. Quem comprar e resolver tirar antes,
por exemplo, pode se dar mal. No ano passado, por exemplo, a NTN-B com
vencimento em 2017 fechou com recuo de 1,6%.
Poupança
O investidor que resolveu deixar o dinheiro na poupança em 2013 teve
leves ganhos com relação à inflação. O rendimento foi de 6,3% nas regras
da “poupança antiga” (para aplicações feitas até 3 maio de 2012) e de
5,8% nas novas regras (para aplicações a partir de 4 de maio de 2012).
Em maio de 2012, o
governo mudou as regras de remuneração da poupança.
O rendimento passou a ser atrelado aos juros básicos da economia,
rendendo 70% da aplicação, mais a Taxa Referencial (TR), quando a taxa
básica fixada pelo Banco Central estiver igual ou abaixo de 8,5% ao
ano. Para aplicações feitas antes de 4 de maio de 2013 ou quando os
juros da economia estiverem superiores a 8,5%, a poupança rende de
acordo com a regra antiga: 6,17% ao ano mais a variação da TR. A TR é
uma taxa calculada a partir da média de rendimentos dos CDBs.
Fundos
Com relação aos fundos de investimentos, os economistas alertam ser
difícil apontar o rendimento, pois eles variam muito de acordo com a
taxa de administração cobrada, o tipo de fundo e o valor aplicado.
De acordo com Fabio Gallo Garcia, professor de finanças da Fundação
Getúlio Vargas (FGV), fundos DI (que são atrelados ao Certificado de
Depósito Interbancário, o CDI), por exemplo, apontaram um rendimento
líquido (já com o desconto do Imposto de Renda), de 6,29% no ano
passado, em média.
“Quem aplicou em CDB ou Fundos DI com baixa taxa de adminstiraçao e
volumes grandes de dinheiro, teve ganhos superiores à caderneta de
poupança antiga, aí depois veio a caderneta de poupança nova”, explica.
No caso do CDB, para quem investiu mais de R$ 100 mil, por exemplo, o
ganho médio foi de 6,29%, diz. “Agora, fundos de renda fixa e outros
tipos de fundo, que têm taxa de administração mais alta, caíram na faixa
de 5,2%", explica.
Por conta da grande diferença entre os rendimentos dos fundos é que os
economistas alertam para o investidor pesquisar bastante o banco e taxa
antes de realizar o investimento. “Nos fundos de investimento em renda
fixa, há uma discrepância muito grande porque depende da taxa de
administração que o fundo cobra (...). Às vezes os aplicadores não dão
muita atenção à taxa de administração”, alerta o matemático José Dutra
Vieira Sobrinho, conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon)
de São Paulo.
FGTS
Com relação ao rendimento do FGTS, que fechou 2013 em 3,15% (bem abaixo
da inflação), o matemático Dutra salienta que, de fato, não teve bom
resultado. "Aplicadores do FGTS, como sempre tem acontecido, claro que
tiveram perda real considerável", diz.
Por conta desse cenário, Magalhães, da corretora Easynvest, sugere,
quando possível, o uso do dinheiro do fundo para aquisição de um imóvel.
globo.com