O consultor de marketing e gestão esportiva Amir Somoggi
apresentou a edição 2013 de seu estudo anual Finanças dos Clubes
Brasileiros. Para ele, o desequilíbrio é a marca desse ano, com os
clubes trabalhando de forma alavancada, com forte aumento dos custos do
futebol contra um baixo crescimento das receitas, conforme vocês verão
integralmente nesse post.
O pequeno crescimento das receitas foi atenuado
pelo volume das operações de transferências de atletas, que, apesar
disso, ficaram fortemente concentradas em poucos clubes e atletas.
Segundo Amir, o “aumento
dos déficits dos clubes comprova a falta de equilíbrio entre as
receitas e despesas, não apenas com os custos com futebol, mas também em
suas despesas administrativas e principalmente despesas financeiras. Os
clubes buscam nos empréstimos recursos para financiar suas atividades,
aumentando seu endividamento e consequentemente suas despesas”.
Indo além, ele concluiu que a bolha financeira de
nosso futebol é uma realidade, e deve ser enfrentada com “austeridade e
racionalidade” nas decisões a serem tomadas futuramente, concluindo que “os
grandes clubes brasileiros precisam rever seu modelo descontrolado de
gastos e sem viabilidade comercial. As receitas geradas não são
suficientes para o tamanho de suas despesas”.
Vamos, então, ao estudo, que considera sempre os 20
maiores clubes em receitas de cada ano. Atlético Paranaense e Bahia não
haviam apresentado seus balanços até o final do trabalho e por isso
ficaram fora dessa análise.
Receita total dos maiores clubes brasileiros
Os 20 maiores clubes em receitas do Brasil
apresentaram um faturamento conjunto de R$ 3,1 bilhões em 2013,
praticamente o mesmo valor registrado em 2012. Esse resultado
representou um crescimento de 0,2% em um ano.
Desde 2003 os 20 clubes em receitas do Brasil viram
suas receitas crescerem 375%. O resultado de 2013 foi o que teve o pior
crescimento de toda a série histórica, somente melhor que 2006, quando
houve retração das receitas.
A distribuição das fontes de receita
O ano de 2013 foi muito impactado pela redução das
receitas de TV, por conta das luvas recebidas pela Rede Globo em 2012 e
que não se repetiram em 2013. Por outro lado houve um aumento
substancial das receitas com transferências de atletas que contribuíram
decisivamente para o pequeno aumento das receitas em 2013.
Com isso houve uma mudança na participação das
fontes de receitas com queda das Cotas de TV e aumento das
transferências de atletas. Um destaque positivo foi o aumento da
bilheteria de alguns clubes, que possibilitou que essa fonte crescesse
em participação em 2013.
Receitas sem transferências de atletas
Analisando o crescimento das receitas dos maiores
clubes brasileiros sem o impacto das transferências dos atletas é
possível ter uma visualização mais exata do crescimento operacional dos
clubes.
Os clubes analisados viram suas receitas sem as
transferências de atletas caírem em -2%, o pior resultado em toda a
série histórica.
Custos do Departamento de Futebol
Em 2013, os custos com futebol dos clubes
analisados atingiram R$ 2,3 bilhões, contra R$ 1,9 bilhão de 2012, um
crescimento de quase 20%. No mesmo período as receitas cresceram apenas
0,2%.
Esse valor de 2013 representa 73% das receitas. Em
2012 o indicador era de 62%. Os custos com futebol dos clubes não param
de subir, realidade verificada desde 2003. Enquanto as receitas no
período cresceram 375% os custos com futebol se elevaram em 452%.
Nas receitas dos clubes há mais de R$ 700 milhões
em transferências de atletas, que trouxeram um certo equilíbrio ao
indicador. Em 2012 foram as luvas da Globo que equilibraram os números.
Superávits/Déficits do exercício
Os clubes fecharam com grandes perdas em 2013, um total de déficits de R$ 258,4 milhões. Uma piora de 186% em relação a 2012.
Nos últimos 3 anos, os 20 clubes somaram R$ 726
milhões em déficits, nos últimos 6 anos R$ 1,8 bilhão e desde 2003
tiveram perdas acumuladas de R$ 2,5 bilhões.
Dívida total dos clubes
As dívidas dos clubes analisados somaram R$ 5,1
bilhões, um aumento de 6% em comparação com 2012, quando as dívidas
foram de R$ 4,8 bilhões.
Isso foi ocasionado pela apresentação de nossas
dívidas dos clubes em 2012 em seus balanços de 2013. Os números de 2012
foram reapresentados e isso fez com que as dívidas de 2011 para 2012
crescessem em 25%.
Em 3 anos as dívidas desses clubes cresceram 33% e desde 2003 aumentaram em 415%.
Dividas fiscais dos clubes
As dívidas fiscais dos clubes analisados somaram R$
2 bilhões, um aumento de 11% em comparação com 2012, quando as dívidas
foram de R$ 1,8 bilhão.
Em 3 anos as dívidas fiscais desses clubes cresceram 33% e atualmente representam 40% do total de suas dívidas.
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