A doença isquêmica do coração, o derrame e a pneumonia são as
principais causas de morte no Brasil e respondem por 32% dos óbitos
registrados no ano passado. Os dados fazem parte de um estudo publicado
nesta quinta-feira, (18), pelo periódico The Lancet, feito em 188
países.
De acordo com o relatório, violência e ferimentos provocados por
acidentes de trânsito estão no topo da lista de causas de morte entre
brasileiros com idade entre 15 e 49 anos, resultando em 72.373 vítimas
em 2013.
Já entre indivíduos com 70 anos ou mais, a doença isquêmica do coração é
a que mais mata. Quando o assunto é mortalidade infantil, a principal
causa de morte são complicações neonatais decorrentes de parto
prematuro, responsáveis pelo óbito de 11.257 crianças até 5 anos.
O estudo revela também que a doença de Alzheimer e o diabetes
provocaram mais mortes no país em 2013 do que em 1990. O crescimento
chegou a 200% e 143%, respectivamente. Os óbitos provocados pelo câncer
de pulmão aumentaram 92% no mesmo período.
O documento indica que, desde 1990, o Brasil registrou quedas
consideráveis na mortalidade provocada por várias doenças que costumavam
tomar muitas vidas no país. Um dos exemplos citados são as mortes
decorrentes de doenças diarreicas, que caíram 82% entre 1990 e 2013, e
das complicações neonatais decorrentes de parto prematuro, que caíram
74% no período.
Paulo Lotufo, professor da Universidade de São Paulo e um dos autores
do estudo, considera positiva a queda da mortalidade geral no país, com
declínio em praticamente todas as causas. Mas o que compromete o perfil
brasileiro, segundo ele, é a presença de fatores externos como a
violência e os acidentes de trânsito entre as principais causas de
morte.
O pesquisador destacou que vizinhos sul-americanos, como Argentina,
Chile e Uruguai, diferentemente do Brasil, registram como principais
causas de morte infarto, derrame e câncer, entre outros, sem que nenhum
fator externo apareça entre os primeiros colocados. “Aqui, as causas
externas e as doenças cardiovasculares, por exemplo, estão muito
próximas, e isso foge da assistência médica. Extrapola.”
De acordo com o levantamento, a expectativa de vida para mulheres
brasileiras é 78,4 anos e, para os homens, 71,6 anos. Em 1990, a
expectativa de vida das mulheres que viviam no país era 73 anos e dos
homens, 65,5 anos. Dos 188 países incluídos no estudo, o Brasil ficou
com a 75ª posição no ranking de expectativa de vida para mulheres e na
80ª posição para homens.
“Com o aumento da expectativa de vida, aumentam as doenças relacionadas
ao tempo de vida, como a esclerose múltipla, que está registrando mais
casos no Brasil. O mieloma, um tipo de câncer da medula óssea, também
está associado a pessoas mais idosas. Temos menos mortes por infarto,
AVC [acidente vascular cerebral] e câncer, mas vão aparecendo essas
outras causas”, alertou.
Confira as principais causas de morte no Brasil em 2013 e em 1990, acompanhadas do número de óbitos:
Ano 2013
1. Doença isquêmica do coração (182.560)
2. Derrame (143.771)
3. Pneumonia (70.074)
4. Doença pulmonar obstrutiva crônica (62.961)
5. Diabetes (56.018)
6. Violência (50.306)
7. Doença de Alzheimer (47.776)
8. Ferimentos em acidentes de trânsito (46.311)
9. Doença crônica dos rins (31.873)
10. Câncer de pulmão (29.043)
Ano 1990
1. Doença isquêmica do coração (135.781)
2. Derrame (94.588)
3. Pneumonia (61.366)
4. Complicações neonatais decorrentes de parto prematuro (42.646)
5. Ferimentos em acidentes de trânsito (41.166)
6. Doenças diarreicas (36.947)
7. Violência (35.859)
8. Doença pulmonar obstrutiva crônica (34.007)
9. Diabetes (23.024)
10. Anomalias congênitas (17.076)
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