A Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) apresentou ontem,
em audiência pública, em João Pessoa, a proposta de 8,67% de reajuste
para a tarifa de água dos consumidores paraibanos. O índice, acima da
inflação medido pelo IPCA dos últimos 12 meses, será avaliado na próxima
semana pela equipe da Agência de Regulação do Estado da Paraíba (ARPB),
que tem a missão de homologar ou não a proposta.
O diretor-presidente da ARPB, José Otávio Maia de Vasconcelos, prevê
que aprovação do aumento deverá ser divulgada até o dia 11 de novembro.
O reajuste é linear e atinge tanto as residências quanto setores do
comércio, indústria e serviço público, mas os consumidores que pagam a
tarifa social ficarão de fora.
Mensalmente, a Cagepa emite 800 mil contas de água, sendo que deste
total apenas 4% (32.000 usuários) não irão arcar com o acréscimo no
consumo, porque se enquadram na tarifa social, que continua congelada em
R$ 10,65.
Contudo, a maioria dos clientes da Cagepa (768.000 unidades consumidoras) deverão pagar mais caro pelo uso da água.
Segundo o presidente da Cagepa, Deusdete Queiroga, o índice
apresentado como proposta na audiência pública no auditório da Companhia
de Desenvolvimento da Paraíba (Cinep) tomou como base um estudo que
considerou a previsão de despesas e receitas para o próximo exercício da
companhia, além da inflação acumulada entre maio de 2012 a setembro de
2013 (17 meses).
Neste estudo, segundo Deus- dete Queiroga, foram incluídos os gastos
de exploração e manutenção dos sistemas em funcionamento. “As tarifas
precisam cobrir as despesas operacionais da companhia. Este percentual é
inferior à inflação de maio de 2012 a setembro de 2013, que foi de
8,72%”, lembrou.
ÚLTIMO REAJUSTE
O último reajuste da tarifa de água na Paraíba foi de 7,69% e passou a
vigorar no dia 10 de agosto de 2012. Na época, a empresa pediu um
percentual maior (9,67%). Ao passar pela análise da ARPB, o reajuste
caiu dois pontos percentuais da proposta inicial. Caso a companhia
tivesse considerado apenas a inflação dos últimos 12 meses, medida pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o percentual
seria menor (5,86%).
O presidente da ARPB, José Otávio Vasconcelos, disse que ainda é
cedo para se afirmar se os 8,67% solicitados pela Cagepa serão aprovados
pela agência. “A proposta apresentada será protocolada e enviada à
ARPB, devendo ser analisada na próxima semana. Acredito que no dia 11 já
estaremos com esta definição, mas provavelmente este índice será
aprovado”, revelou.
Deusdete Queiroga afirmou que o índice de aumento proposto é o
necessário para equilibrar as finanças da Cagepa, que, segundo ele,
ainda enfrenta de 8% a 10% de inadimplência e não conseguiu equilibrar
seu fluxo de caixa. “No ano passado, inclusive, ingressamos com 105
ações na Justiça cobrando R$ 134 milhões de grandes devedores privados e
públicos e esperamos que isso surta algum efeito”, frisou.
EMPRÉSTIMO DA CAIXA
Um dos principais gargalos que a empresa enfrenta é com a quitação
dos débitos bancários. Sobre o processo de empréstimo com a Caixa
Econômica Federal, no valor de R$ 123 milhões, Deusdete Queiroga afirmou
que até o final da próxima semana este processo já esteja concluído.
Ele frisou que na última terça-feira, o Comitê da Caixa, em Brasília,
aprovou o empréstimo. “Esta resolução, que aprova, vem à Paraíba e a
expectativa é que na próxima semana a gente já feche esta operação. A
aplicação do recurso é exclusiva para quitar dívidas bancárias com
instituições financeiras”, disse Queiroga.
CAGEPA ESTÁ ENTRE AS 1.000 QUE MAIS FATURAM NO PÁIS
Mesmo tentando equilibrar as finanças, a Cagepa foi uma das
empresas do país listadas no “Valor 1000”, anuário do jornal Valor
Econômico que inclui as mil empresas que apresentaram a maior receita
líquida anual. Em 2012, a Cagepa registrou uma receita líquida de R$
434,7 milhões, com uma variação 11,8% sobre o ano anterior e lucro
líquido de R$ 700 mil. No anuário, ela ocupou a 771ª posição no ranking
das melhores do Brasil e é a única da Paraíba.
O presidente da companhia, Deusdete Queiroga, explicou que, apesar
das dificuldades, o trabalho desenvolvido na empresa busca o equilíbrio
financeiro e que hoje o faturamento mensal na companhia atinge R$ 40
milhões.
“Quando assumimos a empresa em 2011 vimos que no exercício 2010 a
Cagepa teve um prejuízo de R$ 54 milhões. Em 2011, a perda foi reduzida
para R$ 14 milhões e agora em 2012 já tivemos um lucro de R$ 700 mil”,
contou.
Para controlar o caixa, Deusdete Queiroga disse que precisou aplicar
algumas estratégias na tentativa de diminuir perdas. Uma delas foi
promover um plano de demissão voluntária que afastou 114 servidores e
ainda outra que reduziu gastos com cargos comissionados.
“Em 2010, por exemplo, a despesa com cargo comissionado foi superior a R$ 9 milhões e em 2011 caiu para R$ 3 milhões ao ano.
Estamos fazendo o que é possível, mas por outro lado fazemos um
esforço grande na redução de perdas, com instalação de hidrômetros para
que o consumidor pague pelo que realmente usa. Isso gera um acréscimo à
receita líquida, tanto é que o Valor Econômico mostra um acréscimo de
11% entre 2011 e 2012.
E se a gente conseguiu crescer isso foi devido à busca pela eficiência”, enfocou.
OUTRAS EMPRESAS
Além da Cagepa, o anuário “Valor 1000” citou as empresas Armazém
Paraíba, Coteminas e a Alpargatas, com atuação no Estado. O Armazém
Paraíba, com matriz no Piauí, apresentou uma receita líquida de R$
728,7 milhões no ano passado e ficou na 522ª posição no levantamento do
Valor Econômico.
A Coteminas, com sede em Minas Gerais, é listada pela segunda vez no
anuário e ocupou a 205ª colocação, com receita líquida de R$ 2,045
bilhões em 2012, enquanto a Alpargatas, sediada em São Paulo, mas com
forte produção na Paraíba registrou receita de R$ 3 bilhões, ficando na
144ª posição.
o pipoco