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Graça e Mantega participam da reunião do conselho, presidido pelo ministro. Foto: Antonio Cruz/ABr/Arquivo |
Um
mês depois de sucessivos abalos nos mercados em virtude do embate entre
a presidente da Petrobras, Graça Foster, e o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, em torno da política de reajuste de combustíveis, o próximo
impacto poderá vir dos tribunais. Começaram a chegar à Comissão de
Valores Mobiliários (CVM) as primeiras reclamações de acionistas
minoritários sobre a inconsistência da proposta de aumentos periódicos
nas refinarias, levada pela diretoria executiva ao Conselho de
Administração da estatal, no fim de outubro.
O gesto da
presidente da Petrobras, de informar seu pleito aos investidores e
analistas, via CVM, irritou Mantega e poderá servir de base para
contestações jurídicas. E a defesa a ser apresentada pelo controlador, a
União, para a contenção dos preços dos combustíveis será a política
monetária, em nome do interesse nacional.
As indefinições em
torno do reajuste da gasolina levaram as ações da Petrobras a amargarem
ontem mais quedas, limitando os ganhos da Bolsa de Valores de São Paulo
(BM&FBovespa). Seus papéis ordinários (ON) recuaram 2,57% e os
preferenciais (PN), 1,42%.
Hoje, Graça e Mantega, maior opositor
da metodologia de precificação, por considerá-la inflacionária e
estimuladora da indexação generalizada de preços no país, participam da
reunião do conselho, presidido pelo ministro.
No encontro para
dar resposta definitiva ao impasse, adiado por uma semana, também é
esperado o anúncio da decisão do governo de realizar o último reajuste
do ano. A expectativa é de aumento de 5% para gasolina e de até 10% para
o diesel, para conter a elevada defasagem dos preços praticados no país
em relação aos pagos nas importações dos produtos.
RiscosApesar
das resistências de Mantega, a expectativa é de que a fórmula de
reajuste seja adotada em 2014. Enquanto isso, a falta de previsibilidade
do caixa da petroleira continuará alimentando a incerteza sobre sua
capacidade de tocar importantes investimentos e, sobretudo, de conter a
escalada de seu endividamento. Segue mantida a ameaça de rebaixamento da
nota de crédito da estatal pelas agências internacionais.
Em
reunião realizada na quarta-feira, Mantega e Graça tentaram encontrar um
ponto de consenso diante das novas pressões geradas pela alta do dólar.
Ontem, o ministro reuniu-se com a presidente Dilma Rousseff, para
tratar do tema, na véspera da reunião do conselho. Amiga pessoal da
executiva, a chefe do governo deu sinais contraditórios em relação ao
assunto ao longo das últimas semanas.
diariodepernambuco