O índio José Urutau permanecia, após 24 horas, sobre uma árvore na Aldeia Maracanã Foto: Daniel Ramalho / Terra

O protesto do Índio Uratau José Guajajara, que se recusa a descer de uma árvore em frente a Aldeia Maracanã, no Rio de Janeiro, já dura 25 horas. O índio subiu na árvore nesta segunda-feira por volta das 9h30, em protesto à desocupação do prédio do antigo Museu do Índio, nas imediações do Estádio do Maracanã, zona norte do Rio.

Com pintura indígena, Guajajara permanece sentado na árvore, a cerca de quatro metros de altura. No chão, manifestantes e policiais se dividem a espera de suas próximas ações. Enquanto os policiais procuram dissuadi-lo a descer, os manifestantes gritam para que ele permaneça.
Sem comer desde o começo da manhã de ontem, ele fez a primeira refeição hoje por volta das 8h30, quando os manifestantes conseguiram lançar um saco de biscoitos de água e sal e um copo de água nos galhos mais altos da árvore. Outros sacos de comida lançados pelos manifestantes foram retirados do alcance do índio pelos bombeiros, que permanecessem ao lado da árvore com uma escada magirus desde ontem.

Um negociador do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foi chamado, mas não obteve sucesso. Guajajara pede a saída da polícia militar do museu e a presença da esposa e dos dois filhos.

Ontem pela manhã um grupo de 20 manifestantes sentou em baixo da árvore em solidariedade ao protesto do índio, sendo retirado pela polícia que criou um cordão de isolamento em torno da árvore. Nesta terça, cerca de 50 manifestantes permaneciam no local. Há também policiais do Batalhão de Choque e do Bope, além de policiais sobre o telhado do museu.

Homens do Corpo de Bombeiros atuam sobre o telhado do Museu do índio para tentar garantir a segurança dos manifestantes Foto: Ale Silva / Futura Press
Homens do Corpo de Bombeiros atuam sobre o telhado do Museu do índio para tentar garantir a segurança dos manifestantes
Foto: Ale Silva / Futura Press

Segundo os manifestantes, o local foi reocupado em agosto e, desde então, tem funcionado como uma espécie de universidade indígena, onde são ministradas aulas de tupi, artesanato e cultura indígena.

O governo do Estado alegou que a desocupação de ontem tinha como objetivo cumprir uma ordem da Justiça Federal, de março deste ano. Já os indígenas mostraram um despacho da 7ª Vara Federal, de setembro, em que o juiz Bruno Nery diz que o Estado desistiu da demolição do prédio do museu e o devolveu à comunidade indígena.

Por sua vez, a assessoria da Justiça Federal esclareceu que, em 14 de março, determinou a imissão de posse do prédio do antigo Museu do Índio, e que o mandado foi cumprido no dia 22 daquele mês. Ainda segundo a Justiça, não foi expedido nenhum outro mandado para reintegração da posse do imóvel.

O advogado da Aldeia Maracanã, Arão da Providência, entrou na 7ª Vara Federal do Rio com uma ação civil pública pedindo a reintegração de posse "já que existe uma decisão anterior da Justiça, de que a posse do terreno é dos indígenas". Segundo ele, a juíza Aline Alves de Melo Miranda Araújo garantiu que dará uma decisão nesta terça-feira.

O governo do Estado afirma que o prédio do antigo Museu do Índio não será derrubado e será transformado num Centro de Referência das Culturas Indígenas.

 Com informações da Agência Brasil

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