A organização não-governamental Greenpeace anunciou, no início da manhã
desta quinta-feira, que a Justiça russa negou o pedido de liberdade
provisória, mediante fiança, da ativista brasileira Ana Paula Maciel,
detida com mais 29 pessoas por protestar em uma plataforma de petróleo
no Ártico em 18 de setembro.
Até agora, além da bióloga brasileira, outros 28
ativistas também tiveram negados os pedidos de fiança, afirmou o
Greenpeace em nota.
Em nota, a ONG afirmou que a Justiça russa "ignorou" a
carta de garantia assinada pelo embaixador brasileiro no país, Fernando
Barreto. No documento, o governo brasileiro pediu que Ana Paula
aguardasse as investigações em liberdade, e assegurou às autoridades
russas que ela teria bom comportamento e se apresentaria ao tribunal
sempre que fosse requisitada.
No último dia 17, a audiência que analisaria a apelação
da brasileira para responder em liberdade provisória ao processo pela
invasão da plataforma foi adiada.
Na quarta-feira, o país europeu atenuou a gravidade do
processo, que inicialmente denunciava os membros da ONG por "pirataria".
Com a mudança do crime para "vandalismo", em teoria, as penas podem ser
reduzidas de 15 para sete anos de prisão em caso de condenação.
Antes do início dos julgamentos, líderes do Greenpeace se mostraram confiantes, ontem, sobre a libertação dos ativistas.
"Em
geral as acusações deverão ser descartadas. Não há consistência para
que uma pena seja aplicada. A situação é complicada, mas acredito que no
fim não haverá condenação", declarou o diretor do Greenpeace na Rússia,
Ivan Blokov, ao jornalVoice of Russia.
"Não há elementos para que o caso seja classificado como
'vandalismo'. Não houve violência ou ameaça a nenhuma propriedade. É
ilógico que nossos membros estejam detidos há 30 dias", acrescentou
Blokov.
Os ativistas estavam no navio Artic Sunrise, que foi
capturado por forças de segurança russas depois que membros de sua
tripulação tentaram escalar uma plataforma de petróleo.
Todas as pessoas a bordo - 28 ativistas e dois
jornalistas - foram detidos e permanecem na cidade portuária de Murmansk
(norte da Rússia).
Na última semana, onze vencedores do prêmio Nobel
escreveram ao presidente russo, Vladimir Putin, pedindo que as acusações
de pirataria fossem retiradas.
No mês passado, Putin disse que os ativistas violaram a lei internacional, mas que era "evidente" que eles não eram "piratas".