O Papa Francisco anunciou neste domingo (12) a criação do brasileiro Dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, como cardeal.
Durante a cerimônia do Angelus, na Praça de São Pedro, no Vaticano,
Francisco anunciou que vai nomear 19 novos cardeais em 22 de fevereiro,
no primeiro consistório (reunião de cardeais) de seu pontificado.
Os novos cardeais são dos seguintes países, além do Brasil:
Itália, Alemanha, Reino Unido, Nicarágua, Canadá, Costa do Marfim,
Argentina, Coreia do Sul, Chile, Burkina Faso, Filipinas, Haiti, Espanha
e Santa Lúcia.
É a primeira lista de nomeados ao Colégio Cardinalício feita por Francisco em quase um ano de pontificado.
Dos 19 anunciados, 16 têm menos de 80 anos e poderão votar no Conclave que elegerá o sucessor do atual Papa.
Após anunciar o nome do brasileiro Dom Orani, diante da multidão reunida
na Praça, Francisco parou a leitura e fez um comentário: "São tantos
brasileiros, não?"
Leia a relação dos novos cardeais eleitores anunciados pelo Papa neste domingo:
1 – Mons. Pietro Parolin, arcebispo titular de Acquapendente, Itália, secretário de Estado.
2 – Mons. Lorenzo Baldisseri, arcebispo titular de Diocleziana, Itália, secretário geral do Sínodo dos Bispos.
3 - Mons. Gerhard Ludwig Műller, arcebispo-bispo emérito de Regensburg, Alemanha, prefeito da congregação da doutrina da fé.
4 – Mons. Beniamino Stella, arcebispo titular de Midila, Itália, prefeito da Congregação para o Clero.
5 – Mons. Vincent Nichols, arcebispo de Westminster, Grã-Bretanha.
6 – Mons. Leopoldo José Brenes Solórzano, arcebispo de Manágua, na Nicarágua.
7 – Mons. Gérald Cyprien Lacroix, arcebispo de Québec, no Canadá.
8 – Mons. Jean-Pierre Kutwa, arcebispo de Abidjan, na Costa do Marfim.
9 – Mons. Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, Brasil.
10 – Mons. Gualtiero Bassetti, arcebispo de Perugia-Città della Pieve, Itália.
11 – Mons. Mario Aurelio Poli, arcebispo de Buenos Aires, na Argentina.
12 – Mons. Andrew Yeom Soo jung, arcebispo de Seul, na Coreia do Sul.
13 – Mons. Ricardo Ezzati Andrello, aecebispo de Santiago do Chile.
14 – Mons. Philippe Nakellentuba Ouédraogo, arcebispo de Ouagadougou, Burkina Faso.
15 – Mons. Orlando B. Quevedo, arcebispo de Cotabato, nas Filipinas.
16 – Mons. Chibly Langlois, bispo de Les Cayes, no Haiti.
Os três não-eleitores são:
1 – Mons. Loris Francesco Capovilla, arcebispo titular de Mesembria, Itália.
2 – Mons. Fernando Sebastián Aguilar, arcebispo emérito de Pamplona, Espanha.
3 – Mons. Kelvin Edward Felix, arcebispo emérito de Castries, Santa Lúcia.
O pontífice argentino vai reunir em consistório os cardeais do mundo
inteiro em 22 de fevereiro, quando os anunciados neste domingo receberão
o título.
O Papa também anunciou que, antes da cerimônia de 22 de fevereiro,
reunirá o Colégio Cardinalício nos dois dias anteriores para "debater o
tema da família".
O último consistório para a criação de cardeais remonta a novembro de 2012.
O então Papa e hoje Papa Emérito Bento XVI promoveu seis prelados não
europeus, para corrigir a tendência manifestada nove meses antes com a
criação de 12 cardeais europeus com menos de 80 anos de um total de 18.
122 eleitores
Considerados os "senadores" ou "príncipes" da Igreja Católica, os
cardeais têm a função de auxiliar o Papa em suas decisões, assumindo por
vezes cargos na Cúria Romana, a aministração da Igreja.
Eles também participam, até completarem 80 anos, do Conclave, reunião
secreta cujo objetivo é escolher um novo Papa quando o pontífice que
está no cargo morre ou renuncia.
Com as nomeações deste domingo, o número de eleitores passará a 122,
superando o máximo de 120 que participa de um Conclave, mas dez cardeais
completarão 80 anos em 2014.
O conclave no qual Francisco foi eleito Papa, em 13 de março do ano
passado, era formado por 69 cardeais da Europa, 19 das Américas, 11 da
África e 10 da Ásia.
A presença de nomes de países em desenvolvimento reforça a tendência,
demonstrada por Francisco, de fazer um pontificado mais voltado aos
pobres.
Atualmente, o Brasil tem 9 cardeais, segundo o site do Vaticano. São
quatro eleitores (Dom Raymundo Damasceno Assis, Dom João Braz de Aviz,
Dom Cláudio Hummes e Dom Odilo Pedro Scherer) e cinco não-eleitores (Dom
Geraldo Majella Agnelo, Dom Serafim Fernandes de Araújo, Dom Paulo
Evaristo Arns, Dom José Freire Falcão e Dom Eusébio Oscar Scheid.
Há expectativa de que o recém-autorizado concurso para 216 vagas
para a área administrativa da Polícia Rodoviária Federal (PRF) seja
realizado de forma relâmpago.
Além de a seleção visar à
substituição de terceirizados, cujos contratos foram extintos em 31 de
dezembro, 2014 é ano de eleição em âmbito federal e, por conta disso,
somente poderão ser convocados ainda este ano aprovados em concursos
homologados até 5 de julho, o que deve fazer com que a corporação busque
ainda mais celeridade.
As oportunidades contemplarão o cargo de
agente administrativo. O requisito para o exercício da carreira é o
nível médio completo, e os rendimentos iniciais são de R$3.689,77
(incluindo auxílio-alimentação, de R$373). Os profissionais cumprirão
carga de trabalho de 40 horas semanais.
A PRF ainda não informou
qual será a distribuição das vagas. Os candidatos esperam que desta vez,
diferentemente da seleção de 2012, em que as vagas foram concentradas
em Brasília, haja oportunidades para todos os estados.
As vagas
do concurso são decorrentes da Lei nº 12.857, aprovada em setembro de
ano passado, que criou novos 260 cargos de agente administrativo na
estrutura da PRF. Como a oferta inicial da seleção é de apenas 216
vagas, é possível que as outras 44 venham a ser preenchidas ao longo da
validade da nova seleção.
Em agosto em 2013, o órgão contava
apenas com 593 servidores administrativos, de acordo com Boletim
Estatístico de Pessoal, do Ministério do Planejamento.
O
Planejamento concedeu autorização para a realização do concurso em 30 de
dezembro de 2013. Conforme a Portaria nº 557, a PRF tem até seis meses
para divulgar o edital, portanto, até 30 de junho. Entretanto, o
documento deverá ser divulgado bem antes disso.
Outro fator que
deve corroborar para a agilizar a seleção é que o último processo
seletivo para a carreira foi realizado no segundo semestre de 2012, de
forma que não deve haver muitas diferenças entre eles. A validade foi de
seis meses, podendo dobrar, e se extinguiu em 21 de dezembro de 2013,
sem possibilidade de nova prorrogação.
A oferta foi de 71 vagas,
sendo 67 para agente administrativo (as demais foram para cargos de
nível superior), com lotação em Brasília. A organização coube ao
Cespe/UnB, e o processo seletivo foi composto de provas objetivas e
investigação social e/ou funcional.
O concurso mobilizou 19.849
inscritos, dos quais 18.059 para agente (relação de 269,54 candidatos
por vaga para o cargo). As provas objetivas foram compostas por 120
questões, sendo 50 de Conhecimentos Básicos (Língua Portuguesa, Ética e
Conduta Pública, e Legislação Relativa à PRF, de Noções de Informática e
Noções de Matemática) e 70 de Conhecimentos Específicos.
Foram aprovados aqueles que obtiveram os mínimos de dez pontos na parte básica, 21 na específica e 36 no conjunto das provas.
Mulher entra no metrô sem calça e chama atenção as pessoas que a fotografam (Foto: Tyrone Siu/ Reuters)
Mulher viaja no metrô neste domingo (12), em Hong Kong sem calças, só
de calcinha. Ela participa do evento chamado "Viagem sem calças no
metrô", quando, uma vez por ano, as pessoas tiram as roupas debaixo e
seguem para sua rotina normal.
Evento é chamado de "Viagem sem calças no metrô" e ocorre uma vez por ano (Foto: Tyrone Siu/ Reuters)
O Brasil é um dos 12 países mais cobiçados para se morar, segundo uma
série de pesquisas feitas em 65 nações pelo WIN - coletivo dos
principais institutos de pesquisa do mundo - e tabulada pelo Estadão
Dados. O crescimento econômico na última década, aliado à boa imagem
cultural do País no exterior, fizeram com que o Brasil fosse citado como
destino dos sonhos por moradores de dois em cada três países onde foi
feito o estudo.
Na lista dos destinos mais cobiçados por quem não está feliz na terra
natal, o Brasil é o único da América Latina, o único Bric (grupo formado
por Brasil, Rússia, China e Índia) e a única nação ocidental em
desenvolvimento. As pesquisas foram feitas no fim do ano passado e
ouviram mais de 66 mil pessoas ao redor do globo. Elas foram
questionadas se gostariam de morar no exterior se, hipoteticamente, não
tivessem problemas como mudanças ou vistos e qual local elas
escolheriam. Por isso, os resultados dizem mais sobre a imagem dos
destinos mencionados do que com imigrantes em potencial.
O Brasil é um dos 12 países mais cobiçados para se morar (Foto: Divulgação)
Se esse desejo virasse realidade, o Brasil receberia em torno de 78
milhões de imigrantes nesse cenário hipotético. Mas, em um mundo sem
fronteiras, a população do País diminuiria - 94 milhões de brasileiros
se mudariam para outras nações, se pudessem. Ainda assim, 53% dos
brasileiros não desejam emigrar, porcentual acima da media mundial.
Quem mais tem vontade de vir para o Brasil são os argentinos: 6% se
mudariam para cá se tivessem a chance. O Brasil também está entre os
cinco mais cobiçados por peruanos e mexicanos. Mas não são apenas
latinos que gostariam de viver aqui. Os portugueses acham o Brasil mais
atrativo do que a Alemanha, os italianos o preferem à França, os
australianos o consideram o segundo país mais desejável, os libaneses o
colocam em posição tão alta quanto a Suíça e até no longínquo Azerbaijão
o Brasil aparece entre os quatro destinos mais sonhados, na frente até
dos Estados Unidos.
Homem passa pelo edifício do Banco Central em Brasília: cresce o risco
de que a inflação deste ano supere o teto da meta de 6,5% traçada pelo
BC
São Paulo - Cresce o risco de que a inflação deste ano supere o teto da meta de 6,5% traçada pelo Banco Central.
Além do avanço dos preços administrados, que em 2013 tiveram alívio por
causa das intervenções do governo - o que não deve se repetir em 2014
-, a desvalorização do câmbio que pode aumentar devido às eleições, os
serviços ainda pressionados em razão do vigor do mercado de trabalho e a
alta de preços provocada pela Copa são apontados pelos analistas como
fatores que podem fazer com que o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA)
desande em 2014.
A inflação oficial de 2013, apurada pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada na sexta-feira, ficou em
5,91%. Apesar de todo o esforço do governo para conter a alta do índice,
o resultado ultrapassou as expectativas do mercado. Também frustrou a
meta do próprio governo, que era fechar o ano com IPCA inferior ao de
2012, de 5,84%.
"O mais provável é que a inflação de 2014 fique acima de 6,5%", afirma o
professor da Faculdade Economia e Administração da Universidade de São
Paulo, Heron do Carmo. O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale,
faz coro com Heron e traça cenário de um IPCA em torno de 6,5% em 2014.
Segundo o economista, o IPCA de 2013 indica um quadro "preocupante"
para a inflação neste ano que dificilmente registrará alta de preços
inferior à do ano passado. "Temos um IPCA
que não está num nível real, está abaixo, e pela necessidade de ajustes
nos próximos anos as desonerações vão começar a ser repensadas, o que
deve ter impacto nos preços."
Nas previsões da sócia da Tendências Integrada, Alessandra Ribeiro, a
inflação deve encerrar 2014 em 6%, sem considerar um reajuste nos
combustíveis e nas tarifas de transporte público em São Paulo. O cenário
prevê a desaceleração dos preços livres para 6,5% e a aceleração dos
administrados para 4,3%. O economista da Rosenberg Associados, Fernando
Parmagnani, acredita que o cenário mais provável para a inflação deste
ano é abaixo de 6%. De toda forma, ele ressalta que o quadro é
"perigoso".
Duas garotas bonitas embarcam num trem noturno, vestindo, em suas
próprias palavras, “roupas para foder”. A intenção das amigas é
justamente essa: transar, transar, transar. Não importa com quem ou
onde. Valem até os banheiros sujos dos vagões. Quem colecionar mais
“presas” ganha uma aposta. O prêmio, uma inocente caixa de chocolates, é
só um pretexto para dar vazão ao que realmente importa para elas:
alimentar um ímpeto sexual descomunal. A overdose de sexo termina quando
uma delas invade a cabine de um passageiro e, com uma delicadeza
perversa, faz sexo oral no homem, engolindo todo seu esperma. A
vitoriosa é Joe, protagonista de "Ninfomaníaca", vivida pela modelo
Stacy Martin na juventude e por Charlotte Gainsbourg na fase adulta. No esperado filme do polêmico diretor Lars Von Trier, que estreia nesta sexta (10),
além de transar com Deus e o mundo, Joe consegue combinar o figurino de
periguete com semblante inocente e uma voz suave, que anuncia o tom
ambíguo da história.
Uma outra ambiguidade acomete as mulheres que sofrem dessa
doença psiquiátrica na vida real: em nossa sociedade hipersexualizada, o
termo “ninfomaníaca” é um grande elogio. Ele é associado a uma
mulher liberada e sexy, que conquista o homem que quer e é capaz de
proporcionar, para ele e para ela, os orgasmos mais intensos e
inesquecíveis. Só que esse tipo de sedutora, que exercita sua
curiosidade e liberdade sexual, para de transar quando quiser. A
ninfomaníaca de verdade, não. O perfil da compulsiva sexual é tão angustiante quanto o de uma viciada em drogas ou comida: ela não tem controle.
Isso significa que não consegue parar de transar ou de pensarem sexo
mesmo que queira. O termo que melhor define a diferença entre esses dois
mundos é sofrimento. “Avaliar o grau de dor e prejuízo que o
comportamento acarreta é fundamental para o diagnóstico”, diz o
psiquiatra Marco Scanavino, “já que uma mulher pode adorar sexo e ter
vários parceiros sem que isso seja um problema”. Embora existam estudos
americanos recentes definindo como “hiperativa” a mulher que tem nove ou
mais parceiros em três meses, nem toda hiperatividade é patológica. Daí
a dificuldade de se diagnosticar uma ninfomaníaca.
Segundo Scanavino, que é coordenador do Ambulatório de Impulso Sexual
Excessivo (ligado ao Hospital das Clínicas de São Paulo), o
transtorno se configura quando, em função de suas fantasias ou práticas
sexuais, a mulher prejudica a saúde, contrai DSTs, perde a concentração e
deteriora suas relações, isolando-se da família e dos amigos, de quem
esconde suas atividades. Scanavino diz que às vezes as
pacientes usam o sexo para aliviar sintomas de depressão ou ansiedade, e
podem sofrer como outras compulsões, como álcool, drogas ou comida. Há
tratamento psiquiátrico para as ninfomaníacas, mas ele não é simples.
Costuma combinar medicamentos com psicoterapia. Mas, diferentemente do
que acontece no caso de álcool e drogas, onde o objetivo é abstinência
total, no caso dos dependentes de sexo (ou de comida), a meta é retomar o
autocontrole. Daí as chances muito maiores de recaídas.
O termo “ninfomania”, alusivo às ninfas gregas, refere-se
exclusivamente à compulsão sexual feminina (para os homens, o termo é
“satiríase”, de sátiros). Essa nomenclatura, entretanto, caiu em desuso
entre os médicos: hoje os manuais de psiquiatria chamam o transtorno de
Apetite Sexual Excessivo ou Impulso Sexual Excessivo – que pode acometer
ambos os gêneros, mas é muito mais comum na ala masculina. A proporção
de pessoas que buscam tratamento é de 8 homens para cada mulher, de
acordo com Scanavino. No cinema, o filme Shame (2011) abordou a
compulsão do homem. Lars Von Trier preferiu focar na mulher, colocando
Joe sob camadas de poesia e pecado, fazendo-a penetrar na floresta da
infância e confessar:
“Eu me rebelo contra o amor,” diz a personagem. LUXÚRIA E AMOR
“A maior dificuldade das ninfas é conseguir articular sexo, desejo e
amor de uma forma que não seja compulsiva", afirma o psicanalista
Christian Dunker, professor do Departamento de Psicologia da USP e autor
de O Cálculo Neurótico do Gozo. “Há mulheres que buscam o sexo para
diminuir a angústia e preencher um vazio, outras se entregam à
compulsão, achando que assim eliminarão a dependência causada pelo
amor”. O medo de intimidade e de estabelecer vínculos é quase um
clichê atual, mas entre as ninfomaníacas, é levado às últimas
consequências. “O transtorno revela um lado sombrio do sexo,
que passa a funcionar como uma droga”, diz a Dra. Carmita Abdo,
psiquiatra especialista em medicina sexual e coordenadora do Prosex, do
Hospital das Clínicas de São Paulo. “O desgaste é enorme, pois a mulher
não investe tempo e energia apenas no sexo em si, mas em tudo que o
envolve, como a busca de parceiros e pensamentos obsessivos”. Na
“fissura”, muitas correm o risco de se degradar fisicamente. Foi o que aconteceu com Lúcia* (leia depoimento abaixo) que chegou a se prostituir para dar vazão à libido.
No dia seguinte, não há aquela sensação agradável e de intimidade que
costumamos ter após uma noite incrível de sexo. A ressaca pós-coito traz
culpa, repugnância, vergonha, tédio. Por muitas vezes, inclusive, a
ninfomaníaca não chega ao orgasmo. Sandra* só foi ter seu primeiro
êxtase aos 41 anos, embora tenha sido compulsiva desde a adolescência.
“Algumas pessoas até têm condições de desfrutar do sexo e sentir prazer,
mas, mesmo assim, continuam buscando preencher uma necessidade
emocional não satisfeita”, afirma a Dra. Vera Regina Fonseca,
psiquiatra, psicanalista e Diretora Científica da SBPSP (Sociedade
Brasileira de Psicanálise de São Paulo). “A principal diferença
entre ter um desejo sexual forte, como o de uma paixão, e sofrer de uma
obsessão, é a incapacidade de construir ligações afetivas reais com o
parceiro a partir da experiência na cama”, diz ela.
Como outros transtornos psíquicos, as causas têm a ver com
predisposição genética, no caso de pacientes que têm familiares que
sofrem algum tipo de compulsão; e condições ambientais desfavoráveis,
como as pessoas que tiveram relações muito complicadas na família ou na
escola. O exemplo mais gritante é o abuso sexual na infância, mas não
existem regras de causa e efeito, pois há pessoas que sofreram violência
e não são compulsivas e vice-versa. “O fundamental”, diz Dunker, “é
entender as motivações da mulher ao fazer sexo”. Ela é movida por
curiosidade ou ressentimento? Anestesiou seus afetos? Para Dunker, “o
imperativo de gozar a qualquer preço é a nova modalidade do mal-estar
contemporâneo e pode dar origem a um sofrimento profundo”. Os
depoimentos desta reportagem mostram até onde a compulsão pode chegar.
“NA FISSURA, VIREI GAROTA DE PROGRAMA” Lucia * , 24 anos, vendedora de sex shop
Aos oito anos, descobri onde meu tio guardava seus filmes pornôs. Via
escondida e ficava fissurada nas cenas. Sentia muito tesão e me tocava,
mas tinha vergonha daquilo. Meus pais acabaram flagrando minhas
masturbações, mas sempre foram pessoas simples. Devem ter achado que
passaria com o tempo. Na adolescência, passei a temer que os caras não
quisessem nada comigo, porque sempre fui gordinha.
Um dia, meu primo estava em casa e falei que queria fazer sexo oral
nele. Tínhamos 15 anos. Gostei e fiz o mesmo com o colégio inteiro.
Fiquei mal falada, as amigas se afastaram. Comecei a praticar sexo anal
nessa época, mas demorou para perder a virgindade propriamente dita –
talvez por medo de engravidar... Rolou aos 19 anos com um cara que
conheci na balada, doeu, foi horrível. Como diziam que ficaria prazeroso
com o tempo, procurei outros e outros e outros.
Um dia, me vi sem controle, transando com qualquer um. Meu recorde
foram seis caras diferentes em 24 horas. Nem sempre eu gozava, mas tinha
prazer em dar prazer. Minha mãe percebeu: ainda morava com ela e muitos
caras batiam na minha porta. Às vezes eu transava no carro na frente de
casa. Foi ela quem me convenceu a ir a uma psicóloga. Após algumas
sessões, abandonei. Não queria ouvir que era doente porque isso poderia
bloquear o meu prazer. Por indicação dessa psicóloga, aos 20 anos
cheguei a visitar um grupo de mulheres viciadas em sexo e me
identifiquei com os depoimentos.
Vi que tinha algum problema, mas como eu não achava que sofria tanto
como elas, desisti de novo. Naquela época, tinha me formado no Ensino
Médio e queria ganhar meu dinheiro. Inventei para a minha mãe que tinha
arrumado um emprego com eventos e ia toda noite para a boate, onde
tirava até R$2,5 mil por mês como garota de programa. Achava que seria
fácil pra mim, mas não durou cinco meses, porque não podia escolher os
clientes, tinha que transar com velhos e fedidos. E olha que não tenho
pudores. Já transei com mulheres, com três caras ao mesmo tempo,
participei de swings. Sou viciada, não consigo ficar dois dias sem sexo.
Adoro ser encoxada no ônibus. Nas baladas, acabo fazendo sexo no
banheiro ou na rua – gosto de ser vista. Já transei várias vezes sem
camisinha com estranhos. Peguei doenças, mas nunca engravidei. Nada me
impede de continuar. Há um ano trabalho como vendedora numa sex shop e,
apesar do risco de ser demitida, cheguei a fechar a loja para fazer sexo
com um cliente. Além dos desconhecidos, tenho uns dez P.A.s
(‘pintos-amigos’), só ligo quando quero transar e vice-versa. É assim,
sem jantar nem cinema. Não tenho paciência quando o cara fica meloso.
Nunca tive namorado, só me apaixonei uma vez. O sexo era ótimo, mas acho
impossível ser monogâmica. Além disso, não confio em homem. Sei que
nenhum vai ficar só comigo. Desde criança, eu sabia que meu pai traía
minha mãe e odiava isso. Eles se separaram há três anos. Por que deveria
abrir mão da vida que levo e parar de transar? Eu só deprimo na TPM:
fico chorando no quarto, não quero transar. Tomo muitos banhos, me sinto
suja e culpada. Mas logo passa.Não penso em me tratar, mas tenho
vontade de fazer uma faculdade de psicologia e me especializar em
sexologia”.