Médicos e psicólogos ao serviço das forças armadas dos EUA receberam ordens do Pentágono e da CIA para torturar suspeitos de terrorismo detidos nos centros de detenção nacionais. A conclusão consta de um relatório tornado público esta segunda-feira pelo Insituto de Medicina da Universidade de Colômbia, que especifica que os profissionais de saúde "conceberam e participaram no tratamento cruel, desumano e degradante e na tortura de detidos".
Os clínicos terão mesmo sido avisados de que o princípio de "não causar dano" aos pacientes não se aplicava, uma vez que em causa não estavam pessoas doentes, mas sim prisioneiros.
Entre os procedimentos citados no relatório constam a polémica técnica do "waterboarding", que simula o afogamento, e a privação de sono, passando pela alimentação forçada.
Apesar de situar as violações do dever médico mais graves antes de 2006, o documento aponta que, por exemplo, a alimentação forçada continua a ser aplicada a prisioneiros de Guantanamo em greve de fome.
Mais de 100 detidos sob custódia norte-americana morreram entre 2002 e 2005, com 43 dessas mortes classificadas como "homicídios".
Até agora, o Departamento de Defesa dos EUA ainda não comentou o relatório, intitulado "Ética Abandonada: Profissionalismo Médico e Abuso de Detidos na Guerra contra o Terrorismo", resultado de três anos de investigação por uma equipa de 20 pessoas.