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quarta-feira, 2 de julho de 2014

Esquema de venda de ingressos faturava até R$ 1 milhão por jogo Polícia Civil e o Ministério Público do Rio suspeitam da participação de integrantes da Fifa, da CBF e das federações de futebol


Diana Brito/Folhapress
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Ingressos apreendidos pela Polícia Civil: quadrilha agia desde a Copa de 2002
MARCO ANTÔNIO MARTINS E DIANA BRITO
DA FOLHA DE SÃO PAULO
Um esquema ilegal de venda de ingressos para a Copa do Mundo, que faturava até R$ 1 milhão por jogo, foi desmontado nesta terça-feira (1º) com a prisão de 11 suspeitos no Rio e em São Paulo.

A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio suspeitam da participação de integrantes da Fifa, da CBF e das federações de futebol da Argentina e da Espanha.

A quadrilha, liderada pelo argelino Mohamadou Lamine Fofana, 57, vinha sendo investigada havia três meses.

Houve interceptação de telefonemas do argelino para a Granja Comary, em Teresópolis (RJ), local da concentração da seleção brasileira.

"Lamine fez vários telefonemas para a Granja Comary na busca por ingressos. Suspeitamos que alguém repassasse a ele os bilhetes após a desistência dos jogadores. Ainda estamos apurando", disse o promotor Marcos Kac.

Dez dos ingressos apreendidos pertenciam à comissão técnica do Brasil. A suspeita da polícia é que o intermediário do argelino tenha contato com a seleção e livre acesso à Granja Comary, mas não integre a comissão técnica.

"Temos elementos que [mostram que] seleções desviam ingressos para cambistas através de alguém que se beneficia com essa venda. Já temos o depoimento de um indiciado que trabalhava para essas três seleções", afirmou o delegado Fabio Baruk, responsável pelo caso.

Desde 2002


O esquema de venda de ingressos, segundo a apuração, funcionava desde a Copa de 2002 (Japão-Coreia do Sul).

No Brasil, por meio de escutas telefônicas e filmagens, descobriu-se que a quadrilha usou empresas de fachada para obter ingressos para jogos da Copa de diferentes formas e revendê-los por € 1.000 (R$ 3.000) cada um.

Suspeita-se que o grupo tenha adquirido bilhetes da cota da Fifa para meia-entrada e gratuidade, além de entradas destinadas à CBF e às federações da Argentina e da Espanha. "Ele [Lamine] estaria associado a um membro da Fifa", disse Baruk.

Os 11 presos foram indiciados sob suspeita de cambismo, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Podem pegar até 18 anos de prisão.

Conexão Zurique


A cada jogo, a Fifa distribui 700 ingressos para cada federação cuja seleção está em campo. Além disso, a CBF recebeu uma carga de 30 mil entradas extras por ser a federação da sede do Mundial.

De acordo com a investigação, o argelino Lamine passava horas em telefonemas para Zurique (Suíça), cidade-sede da Fifa, o que levantou a suspeita de envolvimento de membros da entidade.

O argelino usava um carro com credencial da Fifa. Entre os telefonemas, havia contatos com jogadores e ex-jogadores de diferentes países.

Durante toda a segunda (30), Lamine oferecia por R$ 3.000 o ingresso para Argentina x Suíça. A polícia estima que a quadrilha pretendesse faturar R$ 200 milhões nesta Copa do Mundo. Os cambistas agiam via agências de turismo em Copacabana, uma delas de fachada.

Outro lado


A Fifa, a CBF e as outras federações com integrantes sob suspeita de envolvimento em esquema de venda ilegal de ingressos da Copa-14 não haviam comentado o caso até a conclusão desta reportagem.

A entidade máxima do futebol se disse incapaz de fazer qualquer consideração sobre o caso por não ter sido contatada por autoridades locais nem recebido informações oficiais.

A CBF afirmou não ter sido informada de modo oficial. Disse que os bilhetes que recebe da Fifa têm controle numérico, mas não discriminação nominal.

A Folha tentou contato, sem sucesso, com federações de Argentina e Espanha. Também não localizou a defesa de Mohamadou Fofana.

midianews.com

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