Naiara ganhou título mundial (Foto:Arquivo pessoal)
O interesse da professora de educação física Naiara Schubert pela musculação começou cedo, aos 17 anos. Por se achar muito magra, a adolescente passou a se dedicar aos treinos em busca de novas curvas. Mas há dois anos seu objetivo mudou. Incentivada por uma amiga, começou a se preparar para competir no fisiculturismo e se apaixonou pela modalidade.Hoje, aos 33 anos, a catarinense já carrega um título mundial, um estadual e um vice-brasileiro na categoria ‘Bikini’. Em abril, conquistou o primeiro lugar no evento amador Arnold Classic Brasil, realizado no Rio de Janeiro. Vitórias ainda mais grandiosas para uma pessoa diagnosticada com esclerose múltipla, uma doença degenerativa sem cura.
- A esclerose múltipla é uma doença autoimune, crônica e progressiva que tem caráter inflamatório, desmielinizante e degenerativo. Ela acomete o sistema nervoso central (cérebro, cerebelo, tronco encefálico e medula espinhal) do indivíduo. Os sintomas e sinais da doença variam de acordo com o local comprometido. Quanto à gravidade dos mesmos e de sua evolução, podemos ter situações clínicas muito benignas e sem sintomas evidentes, bem como outras graves e com grande limitação funcional - explica a neurologista Liliana Russo.
Em 2009, ao tentar levantar da cama pela manhã, Naiara caiu. Vertigens, fraqueza muscular, visão turva e perda da audição marcaram o primeiro e único surto de sua vida. Após uma série de exames, descobriu ter desenvolvido a doença, cuja causa ainda não foi descoberta pela ciência.
Desde que recebeu o diagnóstico de esclerose múltipla, a atleta faz um acompanhamento anual da evolução de seu quadro. Embora os sintomas não tenham reaparecido, a doença continua progredindo. Ela controla a evolução do quadro com a ajuda de medicamentos diários.
No instagram, Naiara mostrou sua preparação para
o "Arnold Classic Brasil" (Foto: Arquivo pessoal)
- Diariamente, tomo injeções subcutâneas de acetato de glatiramer, além de altas doses de Vitamina D. A doença não tem cura, então os tratamentos são para retardar os surtos, evitando possíveis efeitos colaterais irreversíveis. Hoje minha rotina é normal. Quando a gente faz o que gosta e com amor, conseguimos tudo na vida - conta Naiara.o "Arnold Classic Brasil" (Foto: Arquivo pessoal)
- Os medicamentos modificam a evolução da doença, minimizando a quantidade e gravidade das crises sintomáticas e, com isto, o risco ao longo do tempo de acúmulo lesional, sintomático e de incapacitações. Os exercícios, sem sombra de dúvida, melhoram a qualidade de vida, tanto física quanto mental, da pessoa. Mas faltam dados científicos para falar em retardo evolutivo e/ou sintomático da doença - explica a Dra. Liliana.
No Brasil, de acordo com o Datasus, estima-se que 30 mil indivíduos sejam portadores da doença. No entanto, apenas cerca de 10.300 pacientes estariam em tratamento. A esclerose múltipla acomete adultos jovens, principalmente mulheres.
- Quando descobrimos uma patologia sem cura, revemos nossa vida. A doença não tem cura, tenho que lidar com isso. Como em qualquer dificuldade, temos que encontrar caminhos para a felicidade, basta aceitarmos como um novo e diferente desafio - ensina a fisiculturista.
globo.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário