O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, afirmou que a paralisação
nacional de policiais civis, iniciada à 0h desta quarta-feira, é
"ilegal" e viola a legislação brasileira. "Nenhuma atividade armada,
associada à segurança, tem autorização para participar de movimentos
grevistas. Reivindicações podem ser feitas de outras formas", declarou. A
AGU já entrou com liminares contestando também o movimento dos
policiais civis, que teve adesão de pelo menos dez Estados, além do
Distrito Federal.
Adams disse ainda que o governo federal vai cobrar das categorias
qualquer prejuízo que os cofres públicos tenham em função da
paralisação. "Se o Estado, por exemplo, tiver de pagar para garantir a
segurança em locais onde a Polícia Militar fez greve, aqueles que
geraram a situação serão responsabilizados financeiramente por isso. O
Estado não pode ser onerado por uma prática ilegal. Vamos cobrar os
valores devidos." Segundo a Confederação Brasileira de Trabalhadores
Policiais Civis (Cobrapol), o objetivo da paralisação é pressionar o
governo federal a criar uma política de segurança pública.
No Rio de Janeiro, o chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, disse
considerar o movimento justo, mas evitou qualquer embate com o governo
do Estado. Em uma reunião marcada para as 8h desta quinta-feira, Veloso
vai se encontrar com o governador Luiz Fernando Pezão, o presidente do
Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro (Sindpol),
Francisco Chao, e pelo menos vinte agentes. "Não estou reabrindo mesa de
negociação, que já está concluída e o compromisso (do aumento) foi
firmado. Se eu soubesse que o governo não iria dar, meus policiais
seriam os primeiros a saber", declarou Veloso.
Baixa adesão - Policiais civis e federais de vários Estados não
aderiram à paralisação nacional. No Rio Grande do Sul e em Santa
Catarina, os agentes da Polícia Civil permaneceram trabalhando
normalmente. Os policiais federais catarinenses também não participaram
do movimento. Em Minas Gerais, policiais civis fecharam o trânsito no
início da tarde, no Centro de Belo Horizonte, e fizeram passeata em
algumas das principais vias da região central da capital. Os agentes
fecharam o tráfego na Praça Sete de Setembro, no cruzamento das avenidas
Amazonas e Afonso Pena, onde atearam fogo em caixões que simbolizam a
segurança pública no país.
No Amazonas, o movimento fracassou. Em Manaus, apenas vinte policiais
realizaram uma movimentação no centro da cidade e depois de alguns
minutos dissolveram o movimento, ao mesmo tempo em que uma pequena
comissão era recebida pelo governo local. Já em João Pessoa, capital da
Paraíba, um pequeno grupo de policiais civis fez manifestação em frente
ao Palácio da Redenção - sede de governo do Estado - com faixas e carros
de som, mas com pouca participação da categoria. O Sindicato da Polícia
Civil informou que as delegacias não receberam flagrantes durante o dia
de mobilização. Segundo o sindicato, 30% dos efetivos permaneceram
trabalhando.
Na Bahia, a paralisação não afetou a rotina em Salvador. Segundo o
sindicato da categoria, 30% do efetivo cumpre jornada para garantir os
serviços considerados essenciais e urgentes. Algumas delegacias, como as
especializadas, mantiveram atendimento normal à população. No
Tocantins, não houve paralisação. Tanto o Sindicato (Sinpol-TO), quanto a
Associação dos Policiais Civis (Aspol-TO) emitiram nota, dizendo que
apoiam, mas não participam da paralisação nacional, por causa dos
avanços que conseguiram junto ao governo estadual.
Autor: Veja.com.br/rondonoticias.com
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