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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

«O meu apartamento estava assombrado», diz realizador de «Actividade Paranormal»


Um sinal de alerta foi accionado nos escritórios dos produtores da série «Actividade Paranormal»: o quarto capítulo, lançado em 2012, rendeu abaixo dos 150 milhões de dólares, a primeira vez com baixos rendimentos desde que a saga assustadora do casal Katie Featherston e Micah Sloat estreou nos cinemas, há cinco anos.

Na tentativa de reanimar o interesse do público pela franquia que já rendeu mais de 700 milhões de dólares, os produtores foram radicais. Adiaram o oficial «Actividade Paranormal 5», que volta em 2015, e decidiram lançar um derivado latino da série. «Actividade Paranormal: Marcados pelo Mal», que sai do subúrbio branco e rico dos filmes anteriores para concentrar-se na cidade de Oxnard, no sul da Califórnia, lar de uma imensa comunidade de descendentes de mexicanos.
A estratégia é clara: investir no público latino-americano, que representa cerca de 36% das receitas de cinema vendidos nos EUA, e apostar ainda mais no mercado internacional. «
«Não houve uma pressão do estúdio para criar um filme que apelasse apenas para os latinos», disse Christopher Landon, que assinou o argumento de todos os filmes da franquia desde a primeira sequela, e agora assume também a realização.
«A ideia de fazer o filme nesta comunidade surgiu quando, após uma sessão de Actividade Paranormal 3, uma jovem latina aproximou-se da produção a chorar para falar da sua paixão pela série. Ela sabia mais do que eu sobre a mitologia», rebate Landon. «Há uma espiritualidade grande em toda a América Latina. Talvez seja essa a razão dos filmes de horror repercutirem tanto nestes países, mas ninguém me pediu para mudar o argumento.»
Apesar disso, o cineasta confirma que a primeira sessão-teste, em Los Angeles, foi composta de uma plateia predominantemente latina. A segunda foi para Atlanta, visando o público afro-americano e só na terceira sessão, em Orange County, região conservadora da Califórnia, que os «caucasianos» foram testados. «E tivemos as melhores reacções de todas», garante Landon. «A ideia era criar personagens interessantes para todo mundo, porque esse é o segredo de um filme de terror. 'Invocação do Mal' é um filme incrível porque tem bons personagens.»
A nova dupla de protagonistas realmente é o grande trunfo de «Marcados pelo Mal». O argumento - do próprio Landon - concentra-se em dois amigos, Jesse (Andrew Jacobs) e Hector (Jorge Diaz), que comemoram o fim do secundário e os 18 anos do primeiro com a família mexicana. Em mais da metade da longa-metragem, o novo «Actividade Paranormal» está mais para «Superbad» do que para «O Exorcista», com a dupla a pregar peças, a fazer piadas de conotação sexual e a meterem-se em situações embaraçosas puramente engraçadas.
«Fiquei surpreso quando vi o filme pela primeira vez e era muito divertido. Não sabia que ia ficar assim durante as filmagens», revela Diaz, o mais falante dos actores. «Eles provavelmente esqueceram das filmagens, porque rodaram muitas cenas. Mas eu sempre quis misturar humor e horror, sem atrapalhar nenhum dos dois», conta o cineasta.
Antes de virar um terror no estilo mais tradicional, o filme ainda percorre os caminhos de «Poder Máximo», um dos sucessos de 2012, também em «found footage». Jesse descobre que ganhou uma marca de dentes no seu braço após meter-se com uma «bruja», assassinada estranhamente por um colega da escola. É o sinal de uma possessão, mas, em vez de um espírito comum, ganha uma espécie de guardião, que comunica pelo jogo electrónico Genius, popular nos anos 80, e que o protege de membros de gangues.
«Cresci a ouvir essas histórias sobre bruxaria. A minha mãe falava que a nossa casa estava assombrada e eu achava que ela era louca. Quando cresci e ouvi certas histórias, tudo encaixou», diz Jorge Diaz. Já Landon diz-se «pouco espiritual», mas conta que viveu a sua própria actividade paranormal. «O meu apartamento era assombrado por um fantasma», confessa o realizador. «Mas era um fantasma bonzinho. Era o antigo apartamento de Charles Chaplin e, certa vez, um amigo dormiu no sofá e, quando acordou, agradeceu-me por tê-lo coberto. Mas eu nunca fiz isso.»

Não é um dos «casos» mais amedrontadores da história e talvez isso se reflicta na meia hora final de «Marcados pelo Mal», quando o cineasta lembra que está a filmar uma longa-metragem de terror.

diariodigital.sapo

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