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sábado, 14 de dezembro de 2013

Preconceito, Globo e dinheiro: veja o que envolve a proibição do MMA na TV

De acordo com deputado, muitos diretores da Globo foram contra a primeira transmissão de lutas do UFC Foto: Divulgação
De acordo com deputado, muitos diretores da Globo foram contra a primeira transmissão de lutas do UFC 

Segue em tramitação na câmara dos Deputados um projeto de lei que pretende proibir a transmissão de lutas de MMA na televisão aberta brasileira. Criada pelo deputado José Mentor (PT-SP), em 2009, a ideia tem sofrido rejeição nas comissões parlamentares e já foi rotulada como "censura" por outros deputados. Ou seja, provavelmente ela será vetada. Mas enquanto isso não acontece, o debate segue aflorado nos bastidores na esfera política e no mundo do MMA. Lutadores veem preconceito e exagero, enquanto o deputado e seus aliados temem o poder da Rede Globo e o dinheiro que é movimentado pelo esporte atualmente.

As críticas de Mentor são incisivas: em debates, na Câmara e outros meios de comunicação, ele costuma dizer que o MMA sequer é um esporte, pois, segundo ele, a integridade física do lutador não é protegida adequadamente. De acordo com Mentor, outros deputados concordam e apoiam essa opinião, mas ainda é preciso ter paciência para que o projeto seja aprovado.

"A Globo é uma concessão pública e tem que cumprir uma série de obrigações. Ela não pode fazer o que quiser"
José Mentor (PT-SP) Em resposta a quem vê censura no projeto de lei

"Eu encontro com deputados que vêm me dar parabéns, porque é uma causa importante. Mas é um projeto polêmico, que as pessoas críticam e até dizem que é perda de tempo", contou ele ao Terra. Mas o problema para Mentor vai além da falta de apoio do povo: "a violência é barata e dá dinheiro. Então tem muitos interesses econômicos e de empresários envolvidos".

Dentro desse contexto, a Rede Globo é protagonista, já que detém os direitos de transmissão das lutas do Ultimate Fighting Championship (UFC). "Ela tem muita força e muitos recursos. Mas é uma concessão pública e tem que cumprir uma série de obrigações. Ela não pode fazer o que quiser.", apontou Mentor, que propôs o projeto quando o UFC ainda era transmitido pela Rede TV. "Quando a Globo estava para adquirir os direitos de transmissão, a maioria dos diretores foi contra. Mas no final prevaleceu a ordem de poucos", acusou.

Galvão Bueno narra principais lutas do UFC na Globo Foto: Reprodução
Galvão Bueno narra principais lutas do UFC na Globo
Foto: Reprodução

Um dos principais defensores do esporte é o presidente da Confederação Brasileira de MMA (CBMMA), Elisio Cardoso Macambira. Ele disse ao Terra que diretores da Rede Globo têm inclusive ido à Câmara para lutar contra o projeto de lei: "eles estavam em debates que tivemos e reinvindicaram a transmissão. E também tem outras emissoras que estão se programando para passar lutas de MMA". Recentemente, a Fox Sports Brasil passou a mostrar combates do Bellator, outra grande organização do esporte.


Apesar da popularidade do MMA crescer rapidamente no Brasil, grande parte da população ainda concorda com Mentor - não aceita o esporte e adoraria vê-lo proibido. Elisio enxerga essa reação dos brasileiros como um preconceito normal e que pode ser combatido a longo prazo. "Por ser uma mistura de artes marciais, o MMA tem um aspecto mais contundente, com sangue, por exemplo, o que provoca revolta em muita gente. Mas nem o futebol é todo mundo que gosta. E também tem gente que gosta de outros esportes que tem até mais violência, como rúgbi e futebol americano", rebateu.

Elisio respondeu ainda a quem critica o MMA por falta de segurança: "se soubessem o que há de treinamento e dedição do atleta, não teriam tantas críticas. Mas as pessoas não conhecem, falta informação. E vai demorar para todo mundo aprender", admitiu ele, que detona o projeto de lei, mas não duvida que seja aprovado.

"Se acontecer isso (a proibição), o MMA perde espaço. As pessoas vão continuar assistindo de outro jeito, na TV a cabo, na internet... mas diminui o público, diminui os lutadores e seria um problema".


Do outro lado, Mentor esquenta o debate e pede: "as pessoas que concordam comigo têm que se manifestar, mandar e-mails e fazer um esforço maior pelo projeto". Enquanto não há a decisão, o povo tenta escolher de qual lado ficará no ringue dessa luta criada na Câmara dos Deputados.​

terra

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