Segue em tramitação na câmara dos Deputados um projeto de lei que
pretende proibir a transmissão de lutas de MMA na televisão aberta
brasileira. Criada pelo deputado José Mentor (PT-SP), em 2009, a ideia
tem sofrido rejeição nas comissões parlamentares e já foi rotulada como
"censura" por outros deputados. Ou seja, provavelmente ela será vetada.
Mas enquanto isso não acontece, o debate segue aflorado nos bastidores
na esfera política e no mundo do MMA. Lutadores veem preconceito e
exagero, enquanto o deputado e seus aliados temem o poder da Rede Globo e
o dinheiro que é movimentado pelo esporte atualmente.
As críticas de Mentor são incisivas: em debates, na
Câmara e outros meios de comunicação, ele costuma dizer que o MMA sequer
é um esporte, pois, segundo ele, a integridade física do lutador não é
protegida adequadamente. De acordo com Mentor, outros deputados
concordam e apoiam essa opinião, mas ainda é preciso ter paciência para
que o projeto seja aprovado.
"Eu encontro com deputados que vêm me dar parabéns,
porque é uma causa importante. Mas é um projeto polêmico, que as pessoas
críticam e até dizem que é perda de tempo", contou ele ao Terra.
Mas o problema para Mentor vai além da falta de apoio do povo: "a
violência é barata e dá dinheiro. Então tem muitos interesses econômicos
e de empresários envolvidos".
Dentro desse contexto, a Rede Globo é protagonista, já
que detém os direitos de transmissão das lutas do Ultimate Fighting
Championship (UFC). "Ela tem muita força e muitos recursos. Mas é uma
concessão pública e tem que cumprir uma série de obrigações. Ela não
pode fazer o que quiser.", apontou Mentor, que propôs o projeto quando o
UFC ainda era transmitido pela Rede TV. "Quando a Globo estava para
adquirir os direitos de transmissão, a maioria dos diretores foi contra.
Mas no final prevaleceu a ordem de poucos", acusou.
Um dos principais defensores do esporte é o presidente
da Confederação Brasileira de MMA (CBMMA), Elisio Cardoso Macambira. Ele
disse ao Terra que diretores da Rede Globo têm
inclusive ido à Câmara para lutar contra o projeto de lei: "eles estavam
em debates que tivemos e reinvindicaram a transmissão. E também tem
outras emissoras que estão se programando para passar lutas de MMA".
Recentemente, a Fox Sports Brasil passou a mostrar combates do Bellator,
outra grande organização do esporte.
Apesar da popularidade do MMA crescer rapidamente no
Brasil, grande parte da população ainda concorda com Mentor - não aceita
o esporte e adoraria vê-lo proibido. Elisio enxerga essa reação dos
brasileiros como um preconceito normal e que pode ser combatido a longo
prazo. "Por ser uma mistura de artes marciais, o MMA tem um aspecto mais
contundente, com sangue, por exemplo, o que provoca revolta em muita
gente. Mas nem o futebol é todo mundo que gosta. E também tem gente que
gosta de outros esportes que tem até mais violência, como rúgbi e
futebol americano", rebateu.
Elisio
respondeu ainda a quem critica o MMA por falta de segurança: "se
soubessem o que há de treinamento e dedição do atleta, não teriam tantas
críticas. Mas as pessoas não conhecem, falta informação. E vai demorar
para todo mundo aprender", admitiu ele, que detona o projeto de lei, mas
não duvida que seja aprovado.
"Se acontecer isso (a proibição), o MMA perde
espaço. As pessoas vão continuar assistindo de outro jeito, na TV a
cabo, na internet... mas diminui o público, diminui os lutadores e seria
um problema".
Do outro lado, Mentor esquenta o debate e pede: "as
pessoas que concordam comigo têm que se manifestar, mandar e-mails e
fazer um esforço maior pelo projeto". Enquanto não há a decisão, o povo
tenta escolher de qual lado ficará no ringue dessa luta criada na Câmara
dos Deputados.
terra
Nenhum comentário:
Postar um comentário