Para estabelecer a data do Carnaval, contam-se quarenta dias para trás, a partir da Páscoa
Foto: Carnaval Rio de Janeiro / Rede Globo Divulgação
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A estação das flores sempre foi recebida com entusiasmo. Afinal, ela representa uma renovação da natureza. Desde a Grécia Antiga, os agricultores viam esse período do ano como uma espécie de renascimento e davam as boas-vindas à primavera com grandes festas. As raízes doCarnaval são associa-das a essas celebrações.
No Império Romano, a comemoração era chamada de saturnália e acontecia em reverência a Saturno, deus da agricultura. Com oito dias de duração, de 17 a 24 de dezembro, época de inverno no Hemisfério Norte, a festa servia para pedir sorte na colheita, o que só iria acontecer na primavera. Nesse período, as pessoas se visitavam e trocavam presentes. Havia cerimônias religiosas, banquetes públicos e desfiles de carros que tinham a forma de barcos, os carrus navalis. Talvez venha daí o termo Carnaval, embora se considerem outras hipóteses. O Carnaval de Veneza é descendente direto dessa festa.
A saturnália romana incorporou-se ao calendário de festas cristãs no século IV. Até hoje nos países católicos, incluindo o Brasil, o Carnaval se realiza nos últimos dias antes da Quarta-Feira de Cinzas, o primeiro dos quarenta dias da quaresma. Período de jejum e de penitência, a quaresma prepara as pessoas para a Páscoa, quando se celebra a ressurreição de Jesus Cristo.
Mas por que a data do Carnaval varia de ano a ano? Ela está atrelada ao domingo de Páscoa, marcado de acordo com o ciclo lunar. No Hemisfério Sul, o domingo de Páscoa é o primeiro depois da primeira lua cheia do outono. Para estabelecer a data do Carnaval, contam-se quarenta dias para trás, a partir da Páscoa.
Os exageros das festas carnavalescas durante a Idade Média viraram um contraponto à introspecção da quaresma. Por causa disso, surgiram as expressões latinas carnem levare e carnelevarium (ambas significam tirar a carne), que também podem ter originado o termo Carnaval. Em toda a Europa, as comemorações enchiam ruas e praças, por até três meses, mantendo o espírito de liberdade da saturnália.
Foi essa tradição medieval que os portugueses trouxeram para o Brasil no século XVI. O Carnaval português tinha o nome de entrudo e já era feito nos últimos dias antes da quaresma, como hoje. As pessoas saíam às ruas para dançar, brincar e jogar água, pó ou cal umas nas outras. Foi só no século passado que apareceram os blocos carnavalescos e os ritmos brasileiros criados para a festa.
abril.com
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