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domingo, 25 de janeiro de 2015

Colapso pode deixar 100 mil sem água na PB e provocar sérios problemas econômicos Daesa diz que, atualmente, açude de São Gonçalo está com 9,8% de capacidade e há registros de despejo de esgoto e captação ilegal. Cardumes devem morrer em poucos dias

Açude de São Gonçalo, em Sousa


A cidade de Sousa, no Sertão paraibano, deve entrar em colapso dentro de poucos dias. Isso, porque o nível do açude de São Gonçalo, principal manancial que abastece o município, atingiu o volume morto, estando com apenas com 9,8%, ou seja, 4,3 milhões de metros cúbicos (m³) da capacidade total de 44,6 milhões de m³. Segundo o presidente do Departamento de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental de Sousa (Daesa), Fernando Perisse, os cardumes de peixes devem morrer em alguns dias e será necessário até oito anos para o açude se restabelecer.

A situação é crítica e vem afetando as indústrias, plantações e o comércio local. O presidente da Daesa informou que técnicos da Agência Estadual de Gestão das Águas (Aesa), já relataram que a água vai se tornar imprópria para consumo humano dentro de algumas semanas, ocasionando um colapso não apenas no açude, mas em toda a cidade.

Uma das causas para o aprofundamento da crise hídrica na região seria a retirada ilegal de água do açude por parte de moradores que possuem chácaras na beira do São Gonçalo. “Existem pessoas que não sobrevivem da agricultura, mas que retiram água de maneira ilegal do açude para irrigar seus pomares particulares e realizar festas. Esse tipo de retirada é proibida quando o manancial atinge 20%, estamos com apenas 9,8%, e já atingimos o volume morto. Algo tem que ser feito, pois estamos a beira de um colapso”, afirmou Fernando Perisse.

Os moradores se apoiam em outorgas que dariam autorização para a retirada da água. Fernando Perisse informou que até os produtores de coco locais estão sem utilizar a irrigação através do açude desde 2013. “Eles se escoram em outorgas que autorizam a utilização da água, mas devemos lembrar que desde janeiro de 2013 os colonos da região estão proibidos de utilizar as águas para irrigação. Se até os colonos estão proibidos, esse pessoal que retira água de maneira irregular deveriam ser proibidos também”, explicou.

Segundo Fernando Perisse, o despejo de esgoto no São Gonçalo, proveniente de cidades vizinhas, também contribui na morte do açude. O esgoto contribui para o surgimento de microfloras, que, por sua vez, não permitem a entrada da luz do sol no fundo do açude, provocando a morte das algas mais profundas. Com isso, as algas apodrecem e liberam gases na água, causando baixa no nível de oxigênio e a mortandade dos cardumes.

O colapso também viria com a falência do comércio da região que vem sofrendo forte queda nas vendas devido à falta de água e a dificuldade de obtenção de renda da população. De acordo com Fernando, duas grandes indústrias de Sousa já estariam para fechar as portas pela grave crise hídrica e econômica, criando demissões em massa.

Medidas foram tomadas

Na última terça-feira (20), uma reunião envolvendo o novo juiz da 8ª Vara Federal da cidade de Sousa, Bernardo Monteiro, o prefeito André Gadelha (PMDB), o presidente da Daesa, membros da Câmara de Dirigentes Logistas de Sousa (CDL), membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), produtores rurais e a sociedade civil, discutiu medidas emergências a serem tomadas, como o cancelamento das outorgas de irrigação, para que o colapso no São Gonçalo seja evitado.

Na última quinta-feira (22), o juiz determinou o cancelamento das 56 outorgas que possibilitavam a utilização da água do São Gonçalo por pessoas físicas. Na decisão, o juiz Bernardo Ferraz determinou ainda que seja efetuada fiscalização ostensiva e imediata quanto às captações no Açude São Gonçalo. A multa para o descumprimento da decisão vai ser de R$ 5 mil.
CDL confirma comércio com dificuldades
O presidente da Câmara de Dirigentes Logistas de Sousa (CDL), Zilmar Leandro, confirmou que a situação do comércio é complicada e que duas indústrias da cidade podem vir a fechar as portas com a falta de água. "A situação é complicada. Temos recebidos reclamações dos lojistas, conhecemos as dificuldades e sabemos que as plantações de coco estão zeradas, sem renda nenhuma aos produtores. As pessoas estão sobrevivendo apenas do pagamento da prefeitura e do estado", falou.

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