O erro admitido ontem pelo IBGE na Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad) é resultado de uma fórmula que associa poucos recursos
humanos e materiais a uma forte pressão por produtividade e cumprimento
de prazos. A avaliação foi feita pela diretora executiva do Sindicato
Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e
Estatísticas (Assibge-SN), Ana Magni, em entrevista concedida ao
Estado. "Isso em algum momento implica erros. Errar é humano, mas
trabalhar no IBGE hoje é que é desumano. A pressão é muito grande sobre
poucas pessoas", disse Ana.
Desde o início do ano, o corpo técnico do instituto vem reagindo a
mudanças em pesquisas e cortes orçamentários. O anúncio da suspensão da
divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad
Contínua), em abril, detonou uma crise que levou a uma greve de 79
dias. A paralisação afetou os trabalhos no IBGE e atrasou a coleta de
dados em vários Estados. "Fizemos isso para alertar o governo que era
preciso dar tratamento diferenciado a essa instituição, mas logo que
saímos da greve houve novo corte que reduziu para menos de um terço o
orçamento das pesquisas inicialmente previsto. Isso impacta fortemente o
plano de trabalho no IBGE", disse Ana.
A análise do sindicato é oposta à do diretor de Pesquisa do IBGE,
Roberto Olinto. Na entrevista coletiva realizada na sede do instituto,
ele descartou um impacto da greve dos servidores do IBGE na pesquisa. No
início deste ano, o governo já havia reduzido de R$ 214 milhões para R$
193 milhões as verbas do IBGE para pesquisas. Recentemente o Ministério
do Planejamento decidiu que o orçamento do instituto para 2015, fixado
em R$ 766 milhões, será de apenas R$ 204 milhões.
O corte resultará em adiamentos do Censo Agropecuário e da Contagem da
População, que custariam R$ 562 milhões e seriam realizados nos dois
próximos anos. A diretora do sindicato dos trabalhadores do IBGE não
acredita em manipulação de dados, o que considera uma "associação
imediatista". Ela lembra que a revisão dos dados favoreceu o governo em
alguns pontos, como nos números sobre distribuição de renda, mas foi
desfavorável em outros.
correiodoestado
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