Cabe à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) fiscalizar
serviços de telefonia, acesso à internet e TV por assinatura no Brasil.
De maneira suficiente ou não, este trabalho vem sendo feito, tanto é que
levou à aplicação de 2,3 mil multas às operadoras só em 2013. O
problema está no recebimento dos valores devidos: estas punições somaram
R$ 1,984 bilhão, mas a Anatel arrecadou apenas R$ 90 milhões
do montante.
Esta e outras informações referentes às atividades do órgão fazem parte do Relatório Anual de 2013
disponibilizado nesta sexta-feira (6) pela agência. O documento aponta
que o ano em questão foi um dos que a Anatel esteve mais ativa no que se
refere à verificação da qualidade dos serviços – somente em relação a
2012, houve um aumento de 9,9% na quantidade de processos
administrativos.
Boa parte destas medidas diz respeito a problemas que são conhecidos
pela maioria dos consumidores: interrupções em serviços, atendimento
deficiente ao usuário, cobrança indevida, venda casada, entre outros.
Dos quase R$ 2 bilhões, a Anatel obteve apenas os já informados R$ 90
milhões. Outros R$ 365 milhões foram suspensos (ainda que
temporariamente) por medidas judiciais tomadas pelas operadoras. O
restante? Simplesmente não foi pago.
O pior é que este é um problema antigo: de 2000 a 2013, a Anatel
aplicou 41,7 mil sanções que, juntas, equivalem a R$ 4,3 bilhões. Deste
total, apenas pouco mais de R$ 550 milhões foram arrecadados e outros R$
2,1 bilhões tiveram seu pagamento suspenso por vias judiciais.
A “reação” da Anatel, nestes casos, é a mesma de outros órgãos do
governo: inscrever as empresas devedoras no Cadin (Cadastro Informativo
de Créditos não Quitados do Setor Público Federal) e na Dívida Ativa da
União. Segundo a agência, mais de 300 comunicados de inserção nestes
mecanismos foram enviados aos devedores no ano passado.
Este procedimento abre caminho para medidas mais drásticas,
especialmente acionamento judicial. Por outro lado, dificulta o
recebimento das dívidas por causa da não rara morosidade da Justiça, o
que pode explicar o porquê de as operadoras parecerem não hesitar em
“negligenciar” as sanções.
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