Há um motivo simples pelo qual "O Filho de Deus" não funciona como filme, ainda que seja um retrato relativamente fiel da vida de Jesus Cristo. Não há um grande conflito a ser resolvido, para nenhum personagem. E isso vale especialmente para o Central, que, por conhecer seu destino, nada teme ou questiona. Se funciona como versão da Bíblia para quem não tem paciência de ler ou quer revisitar os evangelhos, não apenas é outra conversa como também não é a função desse texto resolver.
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José conduz Maria e um Jesus recém-nascido
José conduz Maria e um Jesus recém-nascido
O filme é uma reedição da série "The Bible", dedicada a contar a história do povo judeu, ainda que boa parte dela já se dedicasse a falar sobre Jesus e seus discípulos. O foco aqui é tanto na desconfiança dos religiosos oficiais - que se recentiam, primeiro, Dele andar com pecadores e, segundo, de se proclamar Filho de Deus, o que é uma blasfêmia -, quanto na construção do personagem de Pôncio Pilatos, retratado como um tirano cruel, na primeira metade do filme, e, depois, como um líder preocupado com suas ações na segunda.
Esse é o tipo de problema de roteiro e construção de personagens que enfraquece o filme. Afinal, Pilatos é tirânico na hora em que é preciso retratar o sofrimento do povo de Deus. Mas, na crucificação, em que é descrito na Bíblia como um líder consciente, sua crueldade é deixada de lado. É tão caricato que faz lembrar "A Vida de Brian", naquele momento em que os judeus que conspiram um golpe contra Roma se dão conta de que a vida deles melhorou depois da invasão.
Mel Gibson achou essa cena pouco verossímil
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