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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Economistas avaliam que em 2014 a inflação deve continuar acima da meta

A inflação deve continuar em patamar elevado, em 2014, sem perspectiva de quando poderá chegar ao centro da meta (4,5%), na avaliação de economistas. O professor de finanças do Ibemec, Gilberto Braga, diz que a inflação ainda é preocupante no final deste ano porque está se estabilizando em patamar muito alto.

Para 2014, o professor acrescentou que não se espera que a inflação caia para um patamar menor e “mais palatável”. Ele projeta a inflação entre 5,5% e 6%, em 2014. Em 12 meses, encerrados em novembro de 2013, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 5,77%.

A previsão do Banco Central (BC) para a inflação é 5,8%, neste ano; 5,6%, em 2014; e 5,4%, em 2015. Em 2013, a inflação ultrapassou o teto da meta (6,5%). Isso aconteceu em junho, quando ficou em 6,7%.

“Não há dúvida que o pior já passou, mas vai ficar longe do centro da meta. É como se o governo estivesse trabalhando com 1 a 1,5 ponto percentual acima do centro da meta”, disse Braga.

A professora de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Virene Matesco, também considera que a alta dos preços no país é motivo de preocupação. Na avaliação dela, mesmo com o controle do governo sobre os preços de tarifas, como de passagens de ônibus e de energia, a inflação ficará acima do centro da meta em 2013 e em 2014. “A inflação para o ano que vem estará no topo superior, em torno de 6%, mesmo com os controles de preços”, destacou.

No último dia 20, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, reforçou que o objetivo da instituição é fazer com que a inflação convirja para o centro da meta. Entretanto, Araújo disse que o cenário mais provável não aponta para a inflação no centro da meta – 4,5%, - neste e nos próximos dois anos.

“O cenário mais provável não aponta essa convergência, o que não implica que não seja possível. São coisas distintas. A convergência pode se tornar mais provável mais adiante, na medida em que a economia comece a responder às ações que foram tomadas”, acrescentou Hamilton Araújo.

O diretor lembrou que a transmissão dos efeitos da alta da Selic na economia tem defasagem, ou seja, demoraram a aparecer. “O efeito deve se refletir mais intensamente ano que vem”, disse. Na divulgação do Relatório de Inflação, o diretor também disse que o efeito da alta do dólar, em 2013, na inflação vai se dissipando e isso fará com que a inflação comece a ceder.

Para a professora da FGV, o Banco Central demorou para iniciar o processo de ajuste da taxa básica de juros, a Selic. Em 2013, o BC iniciou o ciclo de alta da Selic em abril, quando a elevou em 0,25 ponto percentual. Nas cinco reuniões seguintes, o BC fez ajustes de 0,5 ponto percentual. A Selic encerra 2013 em 10% ao ano.

Virene espera que o banco eleve a taxa, em pelo menos mais 0,5 ponto percentual, podendo chegar até 11% ao ano. “Mas não adianta colocar os juros em dois dígitos se o governo não controla gastos, se o Banco do Brasil, a Caixa (Econômica Federal) e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) continuarem soltando crédito (o que estimula o consumo, e por consequência, a inflação)”, disse Virene.


A professora acrescentou que o governo “fez uma aposta de reduzir as taxas de juros do crédito ao mesmo tempo que a inflação estava em ascensão”. “Há uma intromissão política na política monetária (definição da Selic). Precisamos de um BC com autonomia”, defendeu.

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