A exigência foi a deixa para que a indústria
automobilística retirasse de linha modelos que são incapazes de incluir
esses equipamentos, como Gol G4 e Uno Mille, além da Kombi. A própria
Volkswagen comercializou duas séries especiais "last edition" da Kombi.
Ontem, porém, o diretor de relações governamentais da montadora, Antonio
Carlos Megale, usou a perda de aproximadamente 1 mil empregos na linha
de montagem do ABC para pedir uma exceção à regra.
O
órgão não concordou com o pedido porque, segundo o ministro das Cidades,
Aguinaldo Ribeiro, o governo não pode prescindir de exigir esses itens
de segurança em todos os modelos. Segundo ele, pesquisas mostram que os
equipamentos salvam a vida de 30 mil pessoas por ano em acidentes de
trânsito. O ministro disse que os empregos poderiam ser absorvidos em
outras linhas de produção. "Seria um retrocesso do ponto de vista do que
está sendo feito pelo governo para reduzir o número de acidentes de
trânsito."
O ministro disse que a Kombi deixou de ser fabricada há
mais de 30 anos, na Alemanha, e há 20 anos, no México, por exemplo, por
não conseguir ser adaptada para receber os equipamentos de segurança.
O presidente em exercício do Contran, Moram
Duarte, disse que só agora, a menos de duas semanas para a exigência
entrar em vigor, a montadora procurou o órgão, embora a resolução tenha
dado quatro anos de adaptação. "Todas as montadoras tiveram tempo para
adequar a sua linha de produção às exigências do Contran."
A
sobrevida da Kombi e de outros modelos se tornou caso de Estado depois
que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, abriu espaço, na semana
passada, para que a obrigatoriedade dos itens de segurança em 100% dos
carros fabricados no País em 2014 fosse colocada em discussão. Ele disse
que estava preocupado com a inflação e as demissões no setor, uma vez
que a inclusão dos itens resultaria em aumento de 4% a 8% no preço ao
consumidor.Na terça-feira (17), Mantega recuou e manteve o prazo para ABS e airbag, mas cogitou uma exceção à regra para a Kombi que não teria um concorrente similar. A decisão seria tomada na segunda-feira, 23. No entanto, nem mesmo a exceção foi aprovada pelo Contran, órgão máximo normativo da política e do sistema nacional de trânsito. Ao anunciar a decisão do conselho ontem, o ministro Aguinaldo Ribeiro disse que o governo já atendeu a várias reivindicações do setor, como desoneração da folha de pagamento e redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Procurada, a empresa disse não ter uma informação oficial sobre a decisão do Contran. Pela manhã, a Volkswagen informou que, mesmo que o governo anunciasse alguma medida para garantir a produção da Kombi, a empresa não confirmaria a manutenção em linha da van.
A versão de duas portas do compacto Celta, da General Motors, vai receber os dois itens de segurança a partir de janeiro, assim como o sedã Classic - que já oferecer os equipamentos como opcionais. A empresa informa que ainda não definiu novas tabelas de preços. No caso do Celta com quatro portas, a versão com os equipamentos sai por R$ 30.790 (também com ar condicionado), enquanto a versão sem esses itens custa R$ 28.490.O Gol G4, segundo fontes do mercado, saíra de linha, até porque o modelo já tem substituto anunciado para início de 2014, o compacto up!. A Fiat também, em tese, deve deixar de produzir o Mille, modelo que está no mercado há 30 anos e, até agora, o mais barato da marca. A empresa, contudo, disse que vai aguardar a reunião de segunda-feira (23) para se posicionar sobre o tema.
economia.ig
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