A queda de braço dentro do governo, em torno da dimensão e
da forma do reajuste do preço da gasolina, foi vencida pela presidente da
Petrobrás, Graça Foster, no embate que teve com o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, que resistia ao sistema de reajuste. A informação foi dada neste sábado
pelo Jornal Estado de São Paulo.
De acordo com o jornal, a presidente Dilma Rousseff avalizou
a concessão de um "gatilho" para reajustar os preços dos derivados de
petróleo, "duas ou três vezes por ano", e garantir
"previsibilidade" aos planos de negócios da Petrobrás. Graça defendia
exatamente um mecanismo que desse previsibilidade às correções da gasolina e do
diesel, mas Mantega resistia. Na quarta-feira (30/10), segundo o jornal, ocorreu
um curto-circuito: a presidente da Petrobrás divulgou um fato relevante
explicando em linhas gerais o novo mecanismo de preços, e o ministro disse que
a medida ainda estava em estudo e não poderia ser feita "de
afogadilho".
A medida aprovada por Dilma, afirma o Estado de SP, será
calibrada em detalhe para tentar não pressionar a inflação, ainda a principal
preocupação macroeconômica da presidente. Objetivo declarado do governo até aqui,
a manutenção dos índices de inflação abaixo daqueles registrados no ano
passado, é um ponto de honra para Dilma.
Ao reforçar o caixa da estatal para evitar novas
"punições" do mercado, segundo o Estadão, como um eventual
rebaixamento de nota pelas agências de classificação de risco, Dilma também
"premia" os esforços feitos por Graça Foster para recuperar as
finanças da empresa e blindar as operações de ingerências e nomeações
políticas. "Depois do que ela fez, o Mantega não poderia ganhar
essa", disse a fonte.
Embora tenha vencido a batalha, Graça Foster não ganhou a
guerra. Segundo o jornal paulista, Dilma decidiu que o "gatilho" não
será exatamente como quer a Petrobrás, atrelado a cotações internacionais do
petróleo e a fórmulas complexas de indexação a produtos no exterior. O País não
pode, segundo a avaliação do Palácio do Planalto, "importar" inflação
derivada da flutuação das cotações e da instabilidade típicas do mercado de
petróleo. O uso do câmbio como indexador dos preços internos também é
considerado potencialmente perigoso pelo governo. A ideia é que o efeito das
oscilações do petróleo e do dólar sejam calibrados.
jb.com
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