26/08/2013 | 09h02min
A Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos grampeou a sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York, segundo reportagem publicada neste domingo pelo semanário alemão “Der Spiegel”, a última de uma série que demonstrou como foram interceptadas informações de dezenas de instituições e países. As revelações poderão aumentar a tensão entre Washington e seus aliados.
Em meados de 2012, especialistas da NSA conseguiram invadir o sistema de videoconferências da ONU e decodificaram seu sistema criptográfico, de acordo com um documento mencionado pela revista, em que o feito é comemorado com uma interjeição: “O tráfego de dados nos dá videoconferências internas das Nações Unidas (oba!)”.
A partir daí, afirma a reportagem, a organização americana de espionagem conseguiu “uma melhora dramática” na capacidade de angariar e decifrar dados que circulam internamente na ONU, fazendo com que a quantidade de comunicações decodificadas pulasse de 12 para 458, num intervalo de apenas três semanas. Numa ocasião, um agente secreto chinês chegou a ser detectado na rede de comunicações das Nações Unidas.
A questão se torna ainda mais delicada ao se levar em conta que os Estados Unidos haviam assinado um acordo pelo qual se comprometiam a não realizar ações secretas na sede da ONU, que fica em Nova York.
Com base naquele e em outros documentos secretos americanos obtidos através do ex-técnico da CIA e da NSA Edward Snowden, “Der Spiegel” revelou novos alvos do sistema de espionagem americano. De acordo com a publicação, a agência de Inteligência visava à União Europeia e ao braço para assuntos nucleares da ONU, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), sediada em Viena.
Os arquivos confidenciais mostram que a NSA continuou a espionar a delegação da União Europeia em Nova York após ela ter se mudado, no segundo semestre de 2012, para um novo endereço (no anterior, já houvera denúncias de escutas). Entre os documentos copiados dos computadores da NSA por Snowden, constam planos da missão da UE, sua infraestrutura de tecnologia da informação e seus servidores.
O novo edifício da UE em Nova York recebia da NSA o codinome de Apalache, e a embaixada comunitária em Washington, o de Magothy. A agência americana recorreu a vírus para se infiltrar nos equipamentos de telecomunicação de ambos os núcleos, copiou os dados em discos rígidos e aproveitou o estabelecimento de uma rede privada virtual (VPN) entre as sedes para bisbilhotá-las.
“Quando perdemos o acesso a um dos dois lados, podemos reavê-lo através da VPN do outro lado. Fizemos isso em várias ocasiões quando nos expulsaram do Magothy”, explica uma circular interna da NSA.
Os arquivos mostram, ainda, que a NSA coordena um programa de grampo em mais de 80 embaixadas e consulados no mundo inteiro, chamado Serviço Especial de Coleta. Essa operação, que na maioria dos casos era feita sem o conhecimentos dos países anfitriões, tinha sedes em Frankfurt e em Viena. “A vigilância é intensa e bem organizada e tem pouco ou nada a ver com o combate a terroristas”, concluiu “Der Spiegel”.
O interesse da NSA nas Nações Unidas não é um fato inédito, embora não se soubesse até agora que sua sede e sua rede de videoconferências haviam sido violadas. No mês passado, veio à tona que a NSA espionara países-membros do Conselho de Segurança da ONU em 2010 - incluindo o Brasil - antes da votação das sanções contra o Irã, por causa do programa nuclear do país do Oriente Médio. O objetivo era saber como votariam os integrantes do órgão. A informação foi revelada pela revista “Época”, que teve acesso a documentos da agência americana.
O Globo/paraiba.com
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