Um novo e enorme iceberg se formou na Antártida, ao se desprender do Glaciar de Pine Island (PIG, na sigla em inglês) - o maior e mais rápido do pólo sul. O bloco tem uma área de cerca de 720 quilômetros quadrados, que corresponde a quase oito vezes o tamanho da ilha de Manhattan, em Nova York.
Cientistas estavam esperando que a geleira "desse à luz" desde outubro de 2011, quando observaram pela primeira vez uma rachadura se abrindo em sua superfície.
Na segunda-feira (8), eles obtiveram a confirmação de que a fissura se estendeu por toda a largura do glaciar.
Monitoramento
O satélite alemão TerraSAR-X observou a formação do iceberg. Ele carrega um radar que consegue distinguir a superfície do glaciar mesmo que a Antártida esteja em meio à escuridão do inverno.
O satélite alemão TerraSAR-X observou a formação do iceberg. Ele carrega um radar que consegue distinguir a superfície do glaciar mesmo que a Antártida esteja em meio à escuridão do inverno.
O iceberg que se desprendeu era parte da plataforma de gelo do PIG - o segmento dianteiro do glaciar, que ultrapassa a linha de costa e flutua no oceano. A linha de costa é a divisão entre a plataforma de gelo, que fica no mar, e a parte da geleira que fica no continente.
Pesquisadores alemães recebem imagens do TerraSAR-X a cada três dias, na tentativa de compreender melhor os processos que empurram a geleira para frente e a tornam mais propensa a fraturas.
Isso pode ajudá-los a melhorar os modelos computacionais usados para prever mudanças futuras na Antártida.
"Estávamos muito entusiasmados para ver como a fissura se propagaria", disse a professora Angelika Humbert, glaciologista (especialista em geleiras e glaciares) do Instituto Alfred Wegener, à BBC.
Icebergs enormes se separam de plataformas de gelo a cada período de 6 a 10 anos. Outros icebergs notáveis se formaram em 2007 e 2001.
É um processo natural, que os cientistas dizem não se relacionar diretamente com as mudanças climáticas que também afetam essa parte da cobertura de gelo do oeste da Antártida.
Medições de satélite e de partículas aéreas registraram uma redução da espessura e um aumento na velocidade do Glaciar de Pine Island nas últimas décadas.
Os resultados foram atribuídos em parte às águas mais quentes que passam por debaixo e derretem a plataforma de gelo.
Redução rápida
O comportamento do glaciar significa que ele está agora sob o escrutínio dos cientistas, porque escoa cerca de 10% de todo o gelo do oeste do continente.
O comportamento do glaciar significa que ele está agora sob o escrutínio dos cientistas, porque escoa cerca de 10% de todo o gelo do oeste do continente.
"O PIG é o glaciar que encolhe mais rapidamente no planeta", disse o professor David Vaughan, do British Antarctic Survey, órgão que opera as estações de pesquisa britânicas no continente. "Ele está perdendo mais gelo que qualquer outro no planeta e contribui para o aumento do nível do mais mais rápido do que qualquer outro no planeta. Vale a pena estudá-lo".
Quando a fratura que se propagava por toda a largura de 30 quilômetros do PIG foi fotografada pela primeira vez, em 2011, por uma expedição da Nasa, muitos assumiram que a formação do iceberg aconteceria rapidamente.
No entanto, quase dois anos se passaram até que o gigantesco bloco de gelo se desprendesse.
O interessante agora, segundo Angelika Humbert, será descobrir quanto tempo demora para que o iceberg saia da Baía que está diante dele.
O maior iceberg já registrado era um bloco que ficou conhecido como B-15.
Quando ele se desprendeu da plataforma de gelo Ross - a maior do mundo, na Antártida -, em 2011, tinha uma área de cerca de 11 mil quilômetros quadrados em sua superfície. O bloco demorou anos para derreter.
globo.com
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