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domingo, 5 de maio de 2013

Vaquejadas viram mega eventos e atraem jovens competidores com prêmios de até R$ 100 mil Salários de R$ 200 mil, status de celebridade e visibilidade de um público superior a 80 mil pessoas por noite. Esta é a realidade das vaquejadas, que chega a ser comparada a um campeonato de futebol


Arquivo Pessoal/ Lenilton Leôncio
Lenilton Leôncio - vaqueiro
Em toda zona rural da Paraíba, as motocicletas, cada vez mais, tomam o lugar de cavalos e carroças de bois como meios de transporte preferenciais do homem do campo. Esse avanço, contudo, não afeta a tradição tipicamente nordestina da vaquejada. Um esporte praticado originariamente por vaqueiros, mas que conquistou um público elitizado para virar um mundo mágico e milionário dos grandes eventos que movimentam uma boa parcela da economia dos municípios.
Salários de R$ 200 mil, status de celebridade e visibilidade de um público superior a 80 mil pessoas por noite. Esta é a realidade das vaquejadas, que chega a ser comparada a um campeonato de futebol, esporte que é paixão nacional dos brasileiros.
As vaquejadas têm se tornado um negócio que reúne vários empresários, criadores de cavalo e empresas. Entre premiações, shows e publicidade, estima-se que as festas movimentem algo em torno de R$ 50 milhões por ano. Elas chegam a empregar diretamente 1,5 mil e, indiretamente, 5 mil pessoas. De acordo com o diretor de marketing e eventos da Associação Paraibana de Vaquejada, Fábio Leal, na maioria das cidades chega a ser a principal alavanca na economia. “As vaquejadas movimentam vários setores dessas cidades como hotéis, restaurantes, postos de gasolinas, shows e comércio", diz Fábio Leal.
O paraibano Jonatas Dantas é um dos maiores destaques neste ramo. Ele é natural do município de Uiraúna, no Sertão (localizado cerca de 476 km da Capital).  Ele é empresário das vaquejadas há mais de 20 anos e criou um dos maiores parques do país, o 'Ana Dantas', inaugurado em 1986, no Xerém, no interior do Rio de Janeiro (RJ). "O investimento médio para se produzir uma vaquejada é de R$ 800 mil", conta o empresário.
Paixão, sucesso e preconceito
A derrubada do boi virou esporte. Aos poucos, as mulheres vêm conquistando espaços nessa tradição vista como tipicamente masculina.  “Deixamos de ser o sexo frágil e estamos também nas vaquejadas. Hoje isso representa para nós garra e coragem”, salientou.
Vaqueiras da Associação Abrava
Foto: Vaqueiras da Associação AbravaCréditos: Arquivo Pessoal/ Jayrlla Samany
 “Sou mulher, estudante de arquitetura e vaqueira. Minha paixão é a vaquejada”, foi assim que se apresentou à vaqueira Jayrlla Samany, 18 anos. Ela esta no ramo há sete anos.
Jayrlla Samany
Foto: Jayrlla SamanyCréditos: Arquivo Pessoal/ Jayrlla Samany
Jayrlla ingressou no esporte por causa dos pais. Nasceu vendo vaquejadas. “A vaquejada esta no sangue, nasci nesse meio e tenho que está no mínimo quatro vezes com meus cavalos”, disse.
Jayrlla Samany durante as vaquejadas
Foto: Jayrlla Samany durante as vaquejadas
Créditos: Arquivo Pessoal/ Jayrlla Samany
A vaqueira participa em média de 50 vaquejadas por ano. A premiação geralmente chega a R$ 20 mil para os amadores. Já os profissionais ganham R$ 50 mil. Ela treina no Parque Haras Beira Rio no município de Queimadas (no Cariri da Paraíba).
Jayrlla Samany participando das vaquejadas
Foto: Jayrlla Samany participando das vaquejadas
Créditos: Arquivo Pessoal/ Jayrlla Samany
Para ingressar no mundo dos vaqueiros é preciso investir alto, principalmente em cavalos bons. “Sucesso na profissão exige bom investimento no início da carreira, como um bom cavalo, além bons patrocinadores”, disse a vaqueira.
Já o vaqueiro Lenílton Leôncio, 23 anos, sentiu na pele a restrição dos próprios pais quanto à profissão. “Eles queriam que me dedicassem aos estudos e não à vaquejada. Com o passar do tempo, eles aceitaram e até investem na minha grande paixão: os cavalos”, disse o vaqueiro.
Lenilton Leôncio - vaqueiro
Foto: Lenilton Leôncio - vaqueiro
Créditos: Arquivo Pessoal/ Lenilton Leôncio
Estudante do 8º período de Direito no Centro Universitário de João Pessoa (Unipê), ele pretende conciliar as duas profissões. Há 18 anos no ramo, o universitário participa em média de 30 vaquejadas por ano. O treinamento é três vezes por semana. Nos finais de semana ele se dedica as competições.
Lenilton Leôncio - vaqueiro
Foto: Lenilton Leôncio participando de vaquejadasCréditos: Arquivo Pessoal/ Lenilton Leôncio
 As premiações já renderam mais de R$ 50 mil e uma motocicleta ao estudante. “Embora jovem, sempre estive envolvido no mundo da vaquejada. Ao todo já conseguir R$ 50 mil em premiações”, comentou.
Lenilton Leôncio - vaqueiro
Foto: Lenilton Leôncio - vaqueiroCréditos: Arquivo Pessoal/ Lenilton Leôncio
Rafael Queiroz, de 20 anos, descobriu há quatro meses um novo mundo das vaquejadas. A princípio foi por incentivo da namorada que gosta de cavalos, mas logo foi fisgado por essa nova paixão.
Rafael Queiroz - vaqueiro iniciante
Foto: Rafael Queiroz - vaqueiro inicianteCréditos: Arquivo Pessoal/ Rafael Queiroz
Ele ainda não sabe se seguirá essa carreira. Apenas que correr como amador. “Não sei se seguirei essa carreira. Hoje corro mais por lazer”, disse.
Rafael Queiroz - vaqueiro iniciante
Foto: Rafael Queiroz - vaqueiro inicianteCréditos: Arquivo Pessoal/ Rafael Queiroz
Em média, um vaqueiro iniciante gasta R$ 10 mil, se ele quiser progredir na carreira deverá desembolsar em torno de R$ 20 mil. “Um vaqueiro que esta começando precisa de um bom cavalo que custa em média R$ 10 mil”, explicou Rafael.
História 
O Rio Grande do Norte é apontado como o estado que deu o primeiro passo para a prática da vaquejada. A cidade de Currais Novos é o berço das vaquejadas, onde a tradição é mantida até os dias atuais. Em Currais Novos todos os finais de semana tem Vaquejada e é muito comum pátios nas fazendas e até mesmo na zona urbana.

Regras
 
As disputas são entre várias duplas, que montados em seus cavalos perseguem pela pista e tentam derrubar o boi na faixa apropriada para a queda, com dez metros de largura, desenhada na areia da pista com cal. Cada vaqueiro tem uma função: um é o batedor de esteira, o outro é o puxador.

O batedor de esteira 

É o encarregado de "tanger" o boi para perto do derrubador no momento da disparada dos animais e pegar o rabo do boi e imediatamente passar para o colega, além de empurrar com as pernas do seu cavalo, o boi para dentro da faixa caso o boi tente levantar-se fora da faixa.

O puxador 

É o encarregado de puxar o rabo do boi e de derrubá-lo dentro da faixa apropriada.

O juiz 

O juiz serve como árbitro na disputa entre as duplas e deve ficar ao alto da faixa onde o boi será derrubado. Ao cair na pista, dependendo do local, pontos são somados ou não a dupla.
 
Se o boi for derrubado dentro da faixa apropriada para esse fim, com as quatro patas para o ar, ele grita para o público: "Valeu Boi", então, soma-se pontos a dupla, se isso não acontecer, ele fala: "Zero", a dupla não consegue somar pontos.
 
Regulamentação
 
O peão de vaquejada hoje é regulamentado pela Lei nº 10.220, de 11 de abril de 2001, que considera "atleta profissional o peão de rodeio … Entendem-se como provas de rodeios as montarias em bovinos e equinos, as vaquejadas e provas de laço, promovidas por entidades públicas ou privadas, além de outras atividades profissionais da modalidade organizadas pelos atletas e entidades dessa prática esportiva".
 
Empresários de todo o país vêem o evento como um grande e próspero negócio. As vaquejadas são consideradas "Grandes Eventos Populares" deixando de ser uma simples manifestação Cultural Nordestina, e atraindo um excelente público onde quer que aconteçam. 
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