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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Pais do lutador Pezão não assistem suas lutas Problema cardíaco faz seu Antônio Carlos evitar os combates e rezar pelo filho ao lado da esposa



Reprodução
Pezão é natural de Campina Grande
Normalmente familiares e amigos dos grandes desportistas se reúnem nos dias das apresentações dos atletas para acompanhar e torcer por seus ídolos. Em alguns casos a dinâmica é diferente, como na residência dos pais do lutador paraibano de MMA (Artes Marciais Mistas) Antônio Pezão ou Bigfoot (que em inglês quer dizer pé-grande), como é conhecido mundialmente. Nos dias de combate do peso pesado, apenas o irmão mais novo dele, Carlos Rafael o acompanha as lutas - seja pela internet ou pela televisão na casa da família, que fica localizada no Bairro do Santo Antônio, em Campina Grande. 

Os pais do lutador, Antônio Carlos Ribeiro e Maria de Lourdes, não assistem aos combates. A mãe não suportar a pressão emocional de ver o filho lutando e o pai sofre de problemas cardíacos. No horário das lutas, eles ficam no quarto do casal, mandando energias positivas e rezando pela vitória, mas, sobretudo, pela integridade física do lutador de 120 quilos.

Muitas vezes, quem comunica aos pais o resultado da luta, ou melhor, à mãe Maria de Lourdes, é o próprio Bigfoot, que, ainda ofegante, liga dos vestiários para dizer à mãe a frase por ela tão esperada “está tudo bem mãe”. 

“Minha ansiedade não começa no dia da luta, mas na semana que a antecede. Começo logo a pensar como vai ser, a rezar a todos os santos para que ele não se machuque. No dia do combate, a carga de ansiedade dobra e a cada minuto que se aproxima da luta fico mais nervosa. Então vou pro meu quarto rezar e só paro quando ele me liga, ainda ofegante ou emocionado, dizendo que está tudo bem”, contou a mãe Maria de Lourdes. 

E ela não aceita que outra pessoa diga que o filho está bem. Dona Maria de Lourdes não sossega enquanto não fala com o Pezão. “Certa vez, ele pediu que a esposa dele avisasse que ele estava bem após um confronto. Depois eu conversei com ele e pedi que sempre me ligasse porque eu queria ouvir a voz dele avisando que estava tudo bem. Enquanto eu não ouço a voz do meu filho não consigo ficar tranquila”, destacou. 

No último dia dois de fevereiro, quando o paraibano nocauteou o holandês Alistair Overeem pelo UFC 156, a rotina da mãe foi exatamente esta, nervosismo e muita reza. Enquanto isso, o pai, o militar reformado e ex-treinador de futebol Antônio Carlos Ribeiro, estava ansioso pelo resultado da luta. “Eu tenho quatro pontos de safena e não posso acompanhar as lutas ao vivo. É uma tortura saber que meu filho está em combate e não posso ver. Na luta contra Overeem, logo que meu filho mais novo me deu o resultado, fui ver um tape pra saber como Júnior tinha conquistado mais uma vitória”, contou orgulhoso.

Pais ficaram chocados no início

Não foi sempre que os pais de Pezão ficaram sem assistir suas lutas. Quando o gigante de 1,98 metros tinha apenas quatro anos, foram eles que o incentivaram a praticar artes marciais. Dona Maria de Lourdes e seu Antônio Carlos levaram o menino para assistir uma apresentação de caratê. O objetivo era encontrar um esporte para o filho hiperativo. “Foi amor a primeira vista. Logo que ele viu pessoas praticando o esporte colocou na cabeça que queria fazer e foi a partir de então que as artes marciais entraram na vida dele”, recordou a mãe. 

Pezão começou a praticar o esporte em Brasília, sua terra natal. Oito anos depois, ele se mudou com sua família para Campina Grande e, depois de seis anos praticando o esporte na Rainha da Borborema, percebeu que apenas o caratê não o satisfazia. “Depois de algum tempo treinando em uma academia aqui em Campina ele resolveu praticar outro esporte. Os meninos não treinavam tão sério como ele e por isso ele resolveu migrar para o Jiu-jitsu”, lembrou Maria de Lourdes. 

Pezão treinou a arte marcial das imobilizações durante quatro anos e depois de vários títulos em todo o Nordeste, voltou a sentir necessidade de praticar uma nova arte marcial. Foi então que a família ficou dividida. O lutador revelou aos pais que tinha o desejo de praticar vale tudo. “Foi um choque quando recebi a notícia. Lembrei logo de toda a violência que o esporte envolvia e pedi pra que ele não praticasse de jeito nenhum”, disse a mãe.

Coube ao pai contornar a situação e convencer a mãe a permitir que o garoto lutasse vale tudo. “Eu fui ver alguns treinamentos e gostei do que vi, principalmente da disciplina e do respeito que o esporte gerava nos praticantes. Foi então que fui conversando com a dona Lourdes e ela aceitou que ele praticasse o esporte”, disse.

Sukata o levou para a Europa

No vale tudo, Bigfoot chamou a atenção de treinadores pelas boas atuações e contundência nas lutas. Em 2005, quando já morava em João Pessoa, o atleta conheceu o treinador Mário Sukata, que na época treinava em uma academia em Liverpool, na Inglaterra. O gigante se transferiu para a Europa, mas a adaptação não foi boa e Pezão voltou a morar no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro, onde treinava para competições nos Estados Unidos.  Depois de sete anos e 19 lutas, sendo 16 vitórias e três derrotas, o gigante chegou a elite do MMA mundial, o UFC. A estreia do paraibano aconteceu contra nada menos que o americano Cain Velasquez, atual detento do cinturão dos pesos pesados. O brasileiro sofreu um corte na cabeça logo no início da luta e viu o adversário dominar as ações e vencer depois de três minutos e 36 segundos. 

A derrota, a única de Bigfoot no UFC, ainda continua na lembrança do pai, que espera ver o filho disputar uma nova luta contra o americano. “O Dana White (dono do UFC) já adiantou que pretende realizar uma luta entre Júnior e Cigano, ex-detendor do cinturão, para ver quem vai disputar o cinturão contra o Velasquez. Tenho certeza que meu filho vai se preparar muito bem e conquistar o direito de brigar pelo cinturão para poder reencontrar o americano”, projetou. 
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