Apesar de responder por crimes que não são considerados hediondos (com maior poder ofensivo e que causam maior aversão à coletividade), como corrupção ativa, passiva, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, o tempo de prisão provisório estipulado para o publicitário Marcos Valério, durante o julgamento do mensalão , já é maior que a de réus condenados por assassinatos que chocaram a opinião pública brasileira como as imputadas contra o casal Nardoni, Suzane von Richthofen e Francisco Costa Rocha, o Chico Picadinho.
Até o momento, Valério foi condenado a 40 anos, um mês e seis dias de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mas o Supremo pretende aumentar o tempo de prisão contra o publicitário condenado por ser o operador do mensalão, visto que as penas bases foram estabelecidas próximas do mínimo, o que pode comprometer a análise de dosimetria dos outros 24 réus condenados pelo Supremo.
Alexandre Nardoni, condenado por ter matado a filha de 5 anos, Isabella Nardoni, por exemplo, foi condenado a 31 anos, um mês e dez dias de prisão homicídio triplamente qualificado no crime cometido em março de 2008. Anna Carolina Jatobá, madrasta da criança, também foi condenada por participação no crime a 26 anos e 8 meses. Alexandre ainda foi condenado a mais oito meses por fraude processual. O júri entendeu na época que Alexandre Nardoni e Carolina Jatobá asfixiaram e jogaram Isabela do sexto andar onde o casal morava. Em comparação com a pena de Marcos Valério, a do casal Nardoni é dez anos menor.
A pena do publicitário também já é superior à imposta contra Suzane von Richthofen, condenada em 2006 a 39 anos e seis meses de prisão pelo assassinato dos pais, a pauladas, em outubro de 2002. O júri entendeu que Suzane orquestrou a morte dos próprios pais, Manfred e Marísia von Richthofen, com a ajuda de Daniel Cravinhos de Paula e Silva, então namorado da jovem, e de Cristian Cravinhos de Paula e Silva. Daniel foi condenado a 39 anos e seis meses de prisão, e Cristian, a 38 anos e seis meses.
Já Chico Picadinho foi condenado a 30 anos de prisão pelo homicídio e esquartejamento de duas mulheres. Uma em 1966 e outra nos anos de 1970. Ele esquartejava as vítimas com objetos simples como tesouras, facas e lâminas de barbear.
A alta pena contra Marcos Valério pode ser explicada porque, dos 25 réus condenados no julgamento do mensalão, ele é aquele com maior número de imputações. Valério foi condenado por três atos de corrupção ativa, dois de peculato, um de lavagem de dinheiro, outro de evasão de divisas e outro de formação de quadrilha.
Em setembro, o réu encaminhou um pedido de proteção ao Supremo pois acredita que corre risco de morte. Quando ele foi preso em 2011, em Minas Gerais, acusado de falsificação de documentos, chegou a ser agredido por colegas de cela.
Revista do CaririUltimo Segundo
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