Se essa reportagem começasse dizendo que os homens têm medo de mulheres poderosas e, por isso, elas estão mais sozinhas, talvez o time feminino ficasse mais satisfeito. Mas a realidade é que está faltando homem mesmo. E quem diz isso é o IBGE, que divulgou ontem a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
Segundo o instituto, só na Bahia estão ‘sobrando’ 474,6 mil mulheres, isto é, são exatos 3.302.197 mulheres disponíveis, para 2.827.541 homens (pelo menos era assim em 2011, ano de referência da pesquisa). Na Região Metropolitana de Salvador, a situação não é muito diferente: 730 mil homens disponíveis para 960 mil mulheres: 24% mais mulheres.
Se você é homem deve ter ficado feliz com esta informação, mas se for mulher... fique feliz em saber que o time feminino é bem mais escolarizado do que o masculino. A mesma pesquisa mostra que o número de mulheres com mais de 15 anos de estudo é muito maior do que o de homens: 321 mil contra 195 mil. A diferença é boa, não é?
A consultora de imagem Priscila Gadelha Seijo, 31 anos, é uma dessas mulheres lindas, poderosas, inteligentes... e solteiras. “Sou formada em Marketing, pós-graduada em Styling e Imagem de Moda, em Gestão Empresarial e ainda falo francês e inglês”, diz, completando as qualificações. Com bem mais que 15 anos de estudo, Priscila também é blogueira, professora universitária e tem seus próprios cursos na área de moda. Porque está solteira? “Falta tempo”, diz.
Priscila Gadelha Seijo, 31 anos: "Não tenho tempo para namorar"
Justificativa
Com relação à menor escolaridade dos homens, o coordenador de disseminação de informações do IBGE, Joilson Rodrigues de Souza, sai em defesa da classe. “Os homens sofrem mais pressão da família para começar a trabalhar, e muitos não conseguem conciliar com os estudos. Já as mulheres são mais preservadas nesse sentido”, explica.
Com relação à menor escolaridade dos homens, o coordenador de disseminação de informações do IBGE, Joilson Rodrigues de Souza, sai em defesa da classe. “Os homens sofrem mais pressão da família para começar a trabalhar, e muitos não conseguem conciliar com os estudos. Já as mulheres são mais preservadas nesse sentido”, explica.
Nesse quesito, é bom frisar que as mulheres também são maioria nas faculdades e nas escolas de nível médio. Mesmo assim, elas ainda ganham menos, bem menos. De acordo com os dados nacionais do Pnad, em 2011, o rendimento médio mensal real de trabalho dos homens ocupados foi de R$ 1.417, enquanto o das mulheres ocupadas foi de R$ 997.
Proporcionalmente, as mulheres recebiam 70,4% do rendimento de trabalho dos homens. Apesar de baixo, esse percentual melhorou em relação a 2009, quando essa proporção era de 67,1%. Em 2011, enquanto 22,1% dos homens ocupados recebiam até 1 salário mínimo, para as mulheres este percentual era de 31,4%.
Sobre o assunto, o coordenador Joilson explica que, no geral, quando ocupam a mesma função, homens e mulheres recebem salários equivalentes. “O que acontece é que as mulheres costumam igressar em carreiras menos remuneradas”, esclarece, citando como exemplo as empregadas domésticas e as graduadas em Letras ou Pedagogia.
“E mesmo quando os dois são médicos, por exemplo, a mulher costuma trabalhar menos horas, se organizar melhor para cuidar dos filhos. Então acaba ganhando menos”, completa.
Filhos
A funcionária pública Érika Perick Pereira, 33 anos, sabe bem o que é ter que se organizar para trabalhar e cuidar dos filhos. Separada, ela acorda todos os dias às 6h para arrumar os dois filhos, deixar na casa de uma vizinha. “É uma senhora que cuida deles enquanto vou trabalhar”. Depois, ela corre para o trabalho, no Centro Administrativo da Bahia (CAB), onde fica até as 18h. Depois disso é só pegar o habitual engarrafamento da Paralela para buscar os filhos e voltar para casa.
A funcionária pública Érika Perick Pereira, 33 anos, sabe bem o que é ter que se organizar para trabalhar e cuidar dos filhos. Separada, ela acorda todos os dias às 6h para arrumar os dois filhos, deixar na casa de uma vizinha. “É uma senhora que cuida deles enquanto vou trabalhar”. Depois, ela corre para o trabalho, no Centro Administrativo da Bahia (CAB), onde fica até as 18h. Depois disso é só pegar o habitual engarrafamento da Paralela para buscar os filhos e voltar para casa.
Namorado? Ela não sabe o que é isso desde que se separou do pai de seu segundo filho, de 2 anos. “É muito difícil, ninguém consegue ficar comigo. Só dá para dar uma saidinha quando coincide de meus dois filhos (de pais diferentes) passarem os finais de semana com os pais”, conta.
Pelo menos nesse quesito, a estudante Raquel Silva Gonçalves, 22 anos, está melhor. Namorando há cinco anos, ela só faz parte da estatística boa: a que diz que as mulheres estudam mais. “Me formo ano que vem em Engenharia Mecânica, mas vou fazer uma pós. Não vou quero parar nunca de estudar”, diz ela, que faz estágio na Vale.
E não é só na Bahia que as mulheres estudam mais. As mulheres brasileiras, de modo geral, são mais escolarizadas que os homens, com média de 7,5 anos de estudo, enquanto eles têm 7,1 anos. Em todos os grupos etários, com exceção do grupo de 60 anos ou mais de idade, a média de anos de estudo das mulheres foi superior a dos homens. A maior média foi a do grupo etário de 20 a 24 anos (9,8 anos), sendo de 10,2 anos de estudo na parcela feminina e de 9,3 na masculina.
Computador com internet é bem que mais aumentou em domicílios
Eles ainda não saem sozinhos e não têm compromissos profissionais. Ainda assim, 7,2 milhões de crianças de 10 a 14 anos tinham telefones celulares em 2011, ou 41,9% das pessoas nessa faixa etária.
Eles ainda não saem sozinhos e não têm compromissos profissionais. Ainda assim, 7,2 milhões de crianças de 10 a 14 anos tinham telefones celulares em 2011, ou 41,9% das pessoas nessa faixa etária.
São 2,1 milhões a mais do que em 2009, quando essa fatia correspondia a 29,3%, segundo a pesquisa do IBGE. Especialista em cultura do consumo, o professor da Fundação Getulio Vargas Eduardo Ayrosa lembra que, nessa faixa etária, os pré-adolescentes estão “construindo a sua identidade, em que o consumo fala muito forte”.
“O celular é um instrumento de identificação e de distinção muito forte. É absolutamente fundamental que se sintam aceitos”, afirma. Ele vê a questão como fenômeno irreversível. “Para essa geração, usar o celular é como escrever”.
De acordo com o IBGE, o acesso à telefonia móvel cresceu - passou de 57,6% para 69,1%, entre as duas últimas pesquisas. Dos 61.292 domicílios, 89,9% tinham telefone. Desses, 49,7% tinham apenas celular e 3,5% apenas telefone fixo; 36,7% dos domicílios tinham as duas modalidades de telefonia e 10,1% não tinham nem celular nem fixo.
Mas foi o computador com acesso à internet o bem durável que mais aumentou sua presença nos lares brasileiros, de 2009 a 2011. O item teve a maior alta entre os 14 tipos verificados pelo IBGE. De acordo com a pesquisa, 22,4 milhões de domicílios brasileiros encerraram 2011 com computador com acesso à internet - alta de 39,8% em relação ao verificado dois anos antes.
O computador (não necessariamente com acesso à internet) esteve presente em 26,3 milhões de domicílios brasileiros em 2011. O valor representa avanço de 29,7% em relação ao apurado em 2009. As altas de computadores (com e sem internet) e de celular ficaram acima de itens como motocicleta (23%), máquina de lavar roupa (20,3%), carro (14,5%) e freezer (12,6%).
Salários dos pobres sobem mais do que dos ricos
A concentração de renda no país voltou a cair em 2011. A renda média mensal do trabalhador subiu 8,3% em relação a 2009, segundo o IBGE. De forma geral, os salários dos mais pobres aumentaram mais do que os salários dos mais ricos.
A concentração de renda no país voltou a cair em 2011. A renda média mensal do trabalhador subiu 8,3% em relação a 2009, segundo o IBGE. De forma geral, os salários dos mais pobres aumentaram mais do que os salários dos mais ricos.
O rendimento médio do trabalhador ocupado passou de R$ 1.242 em 2009 para R$ 1.345 em 2011, com aumentos em todas as regiões. A maior elevação nos rendimentos de trabalho no período (29,2%) foi observada para os 10% da população com menor renda, na faixa de R$ 144 para R$ 186. Conforme a faixa de renda aumentava, diminuía o ritmo de crescimento do rendimento.
“Os maiores aumentos ocorreram nas faixas de rendimento mais baixas”, disse Maria Lucia Vieira, gerente da Pnad. Como resultado, o Índice de Gini para os rendimentos de trabalho no Brasil recuou de 0,518 em 2009 para 0,501 em 2011. Quanto mais próximo de zero, menos concentrada é a distribuição de renda.
A Região Norte foi a única a verificar aumento na concentração de renda no período. Lá, o Gini avançou de 0,488, em 2009, para 0,496, em 2011. Isso quer dizer que, em geral, a desigualdade diminuiu no Brasil, mas aumentou no Norte. Embora o Gini nacional venha melhorando, os 10% da população ocupada com renda mais elevada ainda concentraram 41,5% do total dos rendimentos de trabalho em 2011.
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