Marco Túlio Pires e Elida Oliveira
Impacto do desmatamento da Amazônia não é sentido imediatamente, mas representa ameaça para o futuro dos animais vertebrados da região (iStockphoto)
O desmatamento é uma bomba-relógio para o futuro dos animais vertebrados da Amazônia, de acordo com uma pesquisa publicada nesta quinta-feira na revista Science. Pesquisadores da Universidade Rockfeller, nos Estados Unidos, e do Imperial College London, da Inglaterra, criaram um método que prevê o impacto da perda de habitat para espécies de mamíferos, anfíbios e aves.
O grupo de pesquisadores liderado por Oliver Wearn dividiu a Amazônia em áreas de 50 x 50 quilômetros quadrados e estudaram o impacto do desmatamento em cada local, com dados de 1978 a 2008, sobre 204 mamíferos, 332 aves e 214 anfíbios. Como resultado, os cientistas conseguiram apontar quantos animais podem desaparecer em cada área, conforme o avanço do desmatamento.
Quando uma espécie desaparece de uma localidade, ela ainda pode se refugiar em outro local, mas a biodiversidade já estará comprometida. Caso a espécie tenha somente aquela região por área de vida, sua extinção já pode ser esperada. Isso cria o que os pesquisadores chamam de "débito de extinção". Essa "dívida" ocorre quando as espécies de plantas e animais perdem seu hábitat, mas não desaparecem. A extinção da espécie às vezes leva várias gerações, mesmo após a perda de seu ambiente natural.
Calote — "Ou tomamos uma medida para dar um calote nesse débito ou vamos perder espécies nessas localidades”, diz o ecólogo Thiago Rangel, professor e pesquisador da UFG (Universidade Federal de Goiás), revisor do artigo da Science (leia entrevista abaixo). O "calote" que ele propõe é ampliar medidas de preservação e recuperação de áreas degradadas para que a fauna e a flora se reestabeleçam.
Os pesquisadores britânicos concluem que os próximos anos oferecem uma janela de oportunidade. “É preciso concentrar esforços em áreas com o maior 'débito de extinção'. Isso poderia reduzir a dívida a ser paga", escreveram. "Assim seria possível ajudar as espécies que ainda persistem, antes que elas deapareçam para sempre."
veja.abril.com
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