O bicampeonato mundial ao Brasil teve um nome, Garrinha. Ele jogou por ele e por Pelé para salvar a honra da seleção. E neste domingo (17) no Chile vai se comemorar o 50º aniversário do título.
Garrincha ( O anjo das pernas tortas) daria o título de 62 ao Brasil
Garrinha ainda foi expulso na semifinal e não cumpriu suspensão automática porque a súmula e o juiz peruano Arturo Yamazaki desapareceram de Santiago. E na final o jogador ainda marcou um gol e foi o herói do titulo.
Veja o vídeo da Copa de 1962:
Relembre a Copa de 1962
Fora os problemas, a expectativa para o Mundial de 62 começou a ser alimentada quatro antes, na Copa da Suécia.
Em 1958, um adolescente com a camisa 10 chamou a atenção do mundo por sua habilidade e ousadia com a bolas nos pés, driblando em velocidade, parando ou aplicando lençóis dentro da área inimiga: era a primeiro capítulo da fama do Rei Pelé, que seria eleito o Atleta do Século XX.
Quem ouviu falar do Mundial de 58, sabia que o Brasil era o candidato natural ao título de 62.
A Expectativa
E, a julgar pelo volume de jogo demonstrado durante um treino em Viña del Mar contra o Everton, da primeira divisão chilena, o Brasil era mesmo o franco favorito ao título no segundo mundial realizado na América do Sul (o primeiro fora no Uruguai, em 1930). Os críticos viam Pelé como a grande arma brasileira no ataque e tinham motivos para isso.
O jogo-treino contra o Everton, três dias antes da estreia contra o México, passou um recado completo aos adversários. O estádio Sausalito estava lotado com 15 mil torcedores que tiveram dificuldade para contar e somar todos os dez gols marcados, na goleada de 9 a 1: Pelé, Vavá, Amarildo e Zagalo marcaram dois gols cada um e Jair fechou o massacre de maneira impiedosa.
A convocação
Animado, o técnico Aimoré Moreira fez a lista dos homens que entrariam em campo contra o México: Gilmar, Djalma Santos, Mauro, Zózimo e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Pelé, Vavá e Zagalo.
A estreia
A estreia foi dura contra um grupo de mexicanos dispostos a tudo para impedir as jogadas de estilo do time de Aimoré Moreira. Mas o talento venceu a força: Pelé marcou o dele e Zagalo, de peixinho, fez o segundo gol na vitória por 2 a 0. O México poderia ter saído na frente no primeiro tempo, mas desperdiçou quatro oportunidades.
Pelé serviu Zagalo com um cruzamento para área. Depois, Pelé fez o que faria muitas vezes em sua carreira: destruiu a marcação de três mexicanos, entrou na área e fez valer a fama de matador.
Mas o pior estava por vir. Foram os últimos lances bonitos de Pelé na Copa de 62: no segundo jogo, ele sofreria uma contusão muscular no primeiro tempo contra a então Tchecoslováquia e não jogaria mais até o final da competição. Abatido com a lesão de Pelé, o Brasil empatou sem gols.
Sem Pelé, Garrincha brilhou
Mas o melhor estava por vir. Mergulhado em dúvidas, o técnico Aimoré Moreira não poderia afirmar como o time se comportaria na Copa sem sua maior estrela, tendo que escalar Amarildo no lugar de Pelé. Mas se o assunto era brilho de estrela, Garrincha costumava se encarregar do tema. E foi o que aconteceu: Garrincha virou Pelé quando a seleção mais precisava dessa metamorfose.
A prova de malabarismo para Garrincha estava marcada: 11 de junho, contra a Inglaterra. Ao final, os cerca de 17 mil torcedores presentes ao estádio ficaram perplexos com as diabruras do ponta direita, pulverizando e humilhando a marcação inglesa, com dribles de corpo, cortes para a esquerda e alto aproveitamento na área.
O goleiro Ron Springet deve ter tido pesadelos com Garrincha nas semanas seguintes à eliminação da Inglaterra, nas quartas de final. Ele tinha motivos para delirar com o brasileiro de pernas tortas, que marcou um gol de cabeça, chutou uma falta com muita violência e o rebote caiu nos pés de Vavá para fazer o segundo. Para finalizar, o endiabrado Garrincha ainda chutou em curva para marcar o terceiro na vitória de 3 a 1, na despedida de Viña del Mar.
Expulso na semi, Garrincha jogou a final
A emoção se misturou à confusão na semifinal contra o Chile. Garrincha mais uma vez foi o homem do jogo, mas desta vez como herói e como vilão: marcou dois gols na goleada por 4 a 2, mas acabou expulso no final da partida. Os outros dois gols foram marcados por Vavá e Amarildo.
A emoção se misturou à confusão na semifinal contra o Chile. Garrincha mais uma vez foi o homem do jogo, mas desta vez como herói e como vilão: marcou dois gols na goleada por 4 a 2, mas acabou expulso no final da partida. Os outros dois gols foram marcados por Vavá e Amarildo.
O bizarro tomou conta da Copa do Mundo porque o brasileiro deveria ter sido suspenso da final contra a Tchecoslováquia. Mas a súmula do jogo desapareceu. Pior que isso: o árbritro peruano Arturo Yamazaki foi colocado em um voo fretado às pressas e deixou Santiago às escondidas.
Por trás dessa operação para salvar o Brasil na final estavam dois cartolas experientes. O presidente da CBD (antecessora da CBF), João Havelange e o fiel secretário Mozart Giorgio, que passou 30 anos como chefe administrativo do futebol no País.
Antes de morrer, no final dos anos 1990, Mozart confessou o que havia feito: “Fretei um avião e mandei o árbitro peruano Arturo Yamazaki para o Paraguai. Fim da história”. O fato nunca foi confirmado pela CBD nem pela CBF. Mas Garrincha não foi suspenso.
A final e o título
Veio a final contra a Tchecoslováquia e o Brasil tinha Garrincha, aparentemente perturbado com a polêmica sobre sua expulsão. O Brasil venceu por 3 a 1 com gols de Zito, Amarildo e Vavá. Até momentos antes da partida, falava-se que Pelé jogaria para garantir a vitória. Não houve necessidade para tanto sacrifício: os outros craques se encarregaram do trabalho.
Os 50 anos do bicampeonato serão comemorados em São Paulo, a partir do dia 25 de junho, no Memorial da América Latina (zona Oeste de São Paulo). O evento, que terá exposição de fotos e exibição de filmes, é organizado pelo Ministério do Esporte junto com a Confederação Brasileira de Futebol.
Marcelo Neves, filho do goleiro bicampeão,Gilmar, vai celebrar também outra conquista: a aposentadoria dos jogadores das seleções de futebol que ganharam os títulos mundiais em 58, 62 e 70. A Lei Geral da Copa fixou uma pensão pelo teto do INSS a todos participantes (incluindo familiares dos mortos). A lei fixou ainda um prêmio de R$ 100 mil.
"Pode ser bonito juntar todos os campeões no mesmo evento. Vamos tentar”, disse Marcelo Neves, que é presidente da Associação dos campeões de futebol no Brasil, em entrevista em Brasília.
Para Pepe, “o canhão da Vila”, bicampeão em 58 e 62, a pensão é merecida. "Afinal de contas, fizemos um trabalho bonito em nome do país. O prêmio dá tranquilidade para nossa "parte final", pois estamos todos próximos dos 80 anos. O dinheiro ajuda, principalmente, os colegas que estão doentes", disse o ex-jogador santista.
Fonte: Uol e Portal Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário