O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, causou indignação do governo brasileiro na última sexta-feira, quando disse que o Brasil estava mais preocupado em ganhar a Copa do que em organizá-la e que merecia “um chute no traseiro” para acelerar o andamento das obras. Na noite desta segunda-feira (5), o francês resolveu pedir desculpas ao país pelas declarações e diz que foi mal interpretado.
O pedido de desculpas foi feito pouco depois do ministro dos Esportes, Aldo Rebelo ter pedido a substituição de Jérôme Valcke da interlocução entre o país e entidade quanto à organização da Copa do Mundo de 2014.
Curiosamente, o pedido de desculpas acontece justamente um dia antes da votação da Lei Geral da Copa do Mundo de 2014, que propõe permissões quanto às exigências da Fifa que ferem leis nacionais, como liberação de bebida alcoólica nos estádios.
Valcke tentou se explicar ao argumentar que expressão em francês "se donner un coup de pied aux fesses" é corriqueira em seu país-natal, a França, para pedir que se "acelere o ritmo" de algo. O secretário-geral argumentou que a expressão foi traduzida ao pé da letra para o português e que isso gerou "interpretações incorretas".
De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério do Esporte, Aldo Rebelo ainda "está digerindo" a rápida resposta de Valcke e só deve se pronunciar hoje sobre o assunto.
Na sexta-feira (2), o secretário geral da entidade máxima do futebol, Jérôme Valcke, reclamou dos atrasos das obras dos estádios, do sistema hoteleiro e de transportes e disparou contra a organização do Mundial no Brasil.
"Eu não entendo por que as coisas não estão se movendo. Os estádios não estão dentro no cronograma, e por que tantas coisas estão atrasadas?" perguntou. Segundo ele, o Brasil precisa "se mexer", e os organizadores da Copa precisam "levar um chute no traseiro e entregar essa Copa do Mundo".
"Lamento dizer, mas as coisas não estão funcionando no Brasil. Existem essas discussões intermináveis sobre o projeto Copa do Mundo. Deveríamos ter recebido esses documentos assinados até 2007 e estamos em 2012”, afirmou.
Valcke deu as declarações na Inglaterra, onde esteve para a reunião anual da International Fifa Football Association Board, o órgão legislativo da entidade. O secretário criticou ainda a burocracia para aprovar as leis da Copa e até a longa discussão sobre a liberação de bebidas nos estádios.
No sábado, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, convocou uma entrevista coletiva para anunciar que não aceitaria mais Valcke como interlocutor da Fifa para assuntos ligados à Copa de 2014, em carta enviada hoje.
No mesmo dia da coletiva, Valcke demonstrou indiferença com a ameaça e disse que a atitude era "infantil".
"Se o resultado [de minhas declarações] é que não querem mais falar comigo, se não sou a pessoa com quem querem trabalhar, então é um pouco infantil. Vou viajar ao Brasil", falou, naquela oportunidade.
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