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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Sobreviventes de incêndio na Antártida chegam ao Rio Grupo foi recebido durante a madrugada pelo ministro da Defesa, Celso Amorim



base antartidaWilton Junior/AE
Ministro acompanha sargento da Marinha (na cadeira de rodas) que ficou ferido durante a explosão na Antártida

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O voo com 41 brasileiros que estavam na base da Marinha na Antártida, atingida por um incêndio, chegou ao Estado do Rio de Janeiro, na madrugada desta segunda-feira (27). A equipe que desembarcou é formada por 26 pesquisadores, 12 operários do arsenal da Marinha, um alpinista, um funcionário do Ministério do Meio Ambiente e um militar ferido.

O sargento da Marinha Luciano Gomes Medeiros desembarcou em cadeira de rodas, com as mãos enfaixadas e com um curativo no nariz. Ele será transferido de ambulância para o Hospital Naval Marcílio Dias.
Veja fotos da base brasileira que sofreu o incêndio

O ministro da Defesa, Celso Amorim, e o comandante da Marinha, o almirante de esquadra Júlio Soares de Moura Neto estiveram na pista da Base Aérea do Galeão para acompanhar a chegada dos brasileiros. Segundo Amorim, os corpos do suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e do sargento Roberto Lopes dos Santos, que estão na base chilena Eduardo Frei, devem chegar ao Rio na terça-feira (28).
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A pesquisadora Terezinha Absher, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que trabalha com invertebrados marinhos, ainda estava assustada.

- Foi realmente assustador tudo aquilo. Nós ficamos do lado de fora, vendo a estação pegar fogo. Eu nem vou falar muito porque ainda estou emocionada. Foi traumatizante porque, há 20 anos, eu trabalho na Antártida, passo muitos meses lá. Era como se fosse minha casa pegando fogo. A estação é de todos os brasileiros, mas eu me sentia como se fosse a minha casa. Perdi tudo. Todo o meu material de pesquisa e todas os objetos particulares. Não sei se voltaria para lá.
Jasson Mariano, servidor civil da Marinha na manutenção da base, conta que ajudou a tentar apagar o incêndio na casa de máquinas.
- Fomos acordados pelo nosso superior, nos chamando apavorado, dizendo que estava pegando fogo na base. Nós saímos com o uniforme de trabalho e fomos apoiar o grupo-base para tentar combater o fogo. Tentamos esticar a mangueira para pegar água do mar com as bombas, mas o incêndio se propagou muito rápido. A luta foi grande, mas não conseguimos.


Também servidor da Marinha, Marcos da Conceição, demonstrava muito cansaço.
- A família sempre vinha na minha cabeça. Na cabeça de todos nós. Estou muito cansado. Está até difícil falar com vocês agora

A bióloga Fernanda Siviero, que estava desde o início do fevereiro na Estação Antártica, conta que os integrantes da base passaram por grande susto.

- A gente estava na base quando foi dado o alarme de incêndio, a gente fez o procedimento de evacuação e ficamos seguros em uma parte da base [isolada]. Ficamos muito consternados e assustados com essa situação toda do incêndio. A gente não acreditou, na verdade, que fosse tomar uma proporção tão grande. Imaginamos que fosse de fácil controle. Achamos que ia ser só um susto e que, daqui a pouco, estaríamos de volta. Infelizmente não foi.

Já o pesquisador da Universidade de São Paulo Caio Cipro lamenta a perda das amostras de sua pesquisa.
- As amostras são insubstituíveis. Eu estava participando de um projeto de hidrografia e a gente perdeu as amostras todas que foram coletadas desde dezembro [do ano passado]. Elas foram perdidas, porque têm que ficar congeladas. Como a estação está sem energia elétrica, uma vez descongeladas, as amostras não servem mais.
70% destruído
A aeronave partiu na tarde deste domingo (26) de Punta Arenas, no Chile, para onde os 45 sobreviventes haviam sido levados por uma aeronave argentina. O avião fez uma escala em Pelotas, no Rio Grande do Sul, onde quatro pesquisadores brasileiros desembarcaram.
Segundo a Marinha, o chefe da estação e mais três integrantes do grupo já retornaram à base para uma avaliação inicial dos danos. De acordo com essa avaliação preliminar, aproximadamente 70% das instalações foram destruídas pelo fogo.
O prédio principal da base, onde ficavam a parte habitável e alguns laboratórios de pesquisas, foi completamente atingido pelo incêndio, tendo permanecidos intactos os refúgios (módulos isolados para casos de emergência), os laboratórios (de meteorologia, de química e de estudo da alta atmosfera), os tanques de combustíveis e o heliponto da estação, que são estruturas isoladas do prédio principal.
Foram encontrados na tarde deste sábado (25, horário de Brasília) os corpos dos dois militares brasileiros que estavam desaparecidos após o incêndio.
A informação foi confirmada por uma nota do Ministério da Defesa, que informa que o ministro Celso Amorim ficou sabendo que os corpos foram encontrados pelo almirante de esquadra Júlio Soares de Moura Neto.
A Estação Antártica Comandante Ferraz completou 30 anos em janeiro deste ano. A estação brasileira foi instalada na Baía do Almirantado, localizada na Ilha Rei George, em1984. A partir de 1986, passou a ser ocupada anualmente por pesquisadores e militares da Marinha do Brasil, podendo acomodar até 58 pessoas. A estação tem laboratórios destinados às ciências biológicas, atmosféricas e químicas.

FONTE: NOTICIAS.R7

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