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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Mandela 'lutou pela liberdade de todos os povos', diz mídia árabe

Nelson Mandela morreu na quinta, aos 95 anos, por doenças decorrentes do período em que ficou preso Foto: Mike Hutchings / Reuters


Ex-presidente sul-africano é reverenciado por imprensa e líderes do mundo árabe, especialmente entre os palestinos


Imprensa, líderes e público em geral no mundo árabe reverenciaram a vida de Nelson Mandela como um líder que lutou pela liberdade e igualdade de todos os povos, incluindo os árabes, e especialmente os palestinos.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, declarou um dia de luto oficial nos Territórios Palestinos e disse que Mandela ficaria para sempre com a "Palestina e com todos os palestinos".

"Mandela é um símbolo de liberdade contra a colonização e ocupação. Os palestinos perderam um pai e um apoiador. O povo palestino jamais esquecerá de sua declaração histórica de que a revolução na África do Sul não atingiria seus objetivos até que os palestinos se tornassem livres", declarou Abbas.

Como presidente sul-africano, Mandela visitou Israel e os Territórios Palestinos em 1999 e se declarou um forte simpatizante da causa palestina e um advogado pela paz no Oriente Médio. "Mandela foi o mais corajoso e importante de todos aqueles que nos apoiaram. Muitos palestinos se inspiraram na luta dele contra o apartheid em suas lutas de décadas para pôr fim à ocupação israelense e os assentamentos na Cisjordânia", completou o presidente palestino.

O ex-presidente e líder histórico da luta contra a segregação racial da África do Sul Nelson Mandela morreu nesta quinta-feira, 5 de dezembro de 2013. A notícia foi transmitida à nação e ao mundo pelo presidente sul-africano, Jacob Zuma.

Jornais árabes destacaram o legado de Nelson Mandela como um homem que lutou incansavelmente pela igualdade em seu país e negociou a paz em países flagelados por guerras civis, especialmente na África. "Seu governo focou em desmantelar o legado do sistema do apartheid, em combater e desafiar o racismo institucional, a pobreza e desigualdade. Por tudo isso recebeu mais de 250 prêmios, incluindo o Nobel da Paz", disse em seu editorial o jornal libanês Al Joumhouria.0

Outro jornal libanês, o An Nahar, salientou uma das últimas intervenções de política externa de Mandela, quando se opôs à invasão dos Estados Unidos ao Iraque, em 2003. "Em uma de suas declarações, ele criticou duramente o então presidente americano George W. Bush às vésperas da invasão do Iraque, em 2003, chamando-o de 'um presidente sem visão, que não pode pensar propriamente e agora está querendo jogar o mundo em um holocausto'".

O jornal egípcio Al Masry Al Youm salientou o carisma de Mandela com povos de todas as culturas, etnias e religiões. "Ele pregava a união entre os povos, a justiça e liberdade sem vingança contra o opressor, mas o entendimento e o perdão. A África do Sul e o mundo perdem um de seus maiores tesouros, um homem digno de todas as honrarias", disse o jornal em um breve editorial.

Nas redes sociais, internautas árabes prestaram homenagem ao ex-líder sul-africano, definindo Mandela como "uma inspiração para gerações futuras e um homem sem alguém à altura no mundo árabe".

"Não há um só líder árabe ou estadista que chegue à altura de Mandela. Tudo que tivemos ou temos são ditadores, demagogos e corruptos, que pregam ou pregaram o ódio, a vingança e a desigualdade. Muitos, como islamitas fanáticos, perseguem as minorias. Tudo contra o que Mandela pregava", disse um internauta em um comentário no Twitter.

"Somente as lições de Mandela poderão tirar o mundo árabe nesta situação de conflitos e perseguições mútuas em que vivemos. Deus abençoe Nelson Mandela", disse outro internauta.

Luta contra o apartheid
Em 1991, Mandela foi eleito o presidente do Congresso Nacional Africano, principal partido negro do país que fora banido nos anos 60 e recém retomava as atividades. Engajou-se de corpo e alma ao fim do regime segregacionista e, em 1993, conquistou o prêmio Nobel da Paz ao lado do presidente Frederik Willem de Klerk por seus esforços conjuntos pela reconciliação do povo sul-africano.

Em 27 de abril de 1994, foi eleito presidente nas primeiras eleições multirraciais do país, colocando um ponto final no regime segregacionista que governara a África do Sul por 46 anos.

Mandela tinha 95 anos e há muito lutava contra doenças decorrentes do período em que permaneceu preso por conta de sua luta contra o Apartheid, regime segregacionista que imperou durante décadas no seu país. Ele passou 27 anos preso para depois se eleger presidente da África do Sul, de 1994 a 1999.

Durante o último ano, Mandela havia passado muitos meses internado em condições críticas, mas recentemente retornara para seu lar, onde permaneceu até a quinta-feira, ao lado de familiares e amigos.

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