Ex-presidente sul-africano é reverenciado por imprensa e líderes do mundo árabe, especialmente entre os palestinos
Imprensa, líderes e público em geral no mundo árabe
reverenciaram a vida de Nelson Mandela como um líder que lutou pela
liberdade e igualdade de todos os povos, incluindo os árabes, e
especialmente os palestinos.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, declarou um dia
de luto oficial nos Territórios Palestinos e disse que Mandela ficaria
para sempre com a "Palestina e com todos os palestinos".
"Mandela é um símbolo de liberdade contra a colonização e
ocupação. Os palestinos perderam um pai e um apoiador. O povo palestino
jamais esquecerá de sua declaração histórica de que a revolução na
África do Sul não atingiria seus objetivos até que os palestinos se
tornassem livres", declarou Abbas.
Como presidente sul-africano, Mandela visitou Israel e
os Territórios Palestinos em 1999 e se declarou um forte simpatizante da
causa palestina e um advogado pela paz no Oriente Médio. "Mandela foi o
mais corajoso e importante de todos aqueles que nos apoiaram. Muitos
palestinos se inspiraram na luta dele contra o apartheid em suas lutas
de décadas para pôr fim à ocupação israelense e os assentamentos na
Cisjordânia", completou o presidente palestino.
O ex-presidente e líder histórico da luta contra a
segregação racial da África do Sul Nelson Mandela morreu nesta
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013. A notícia foi transmitida à nação e
ao mundo pelo presidente sul-africano, Jacob Zuma.
Jornais árabes destacaram o legado de Nelson Mandela
como um homem que lutou incansavelmente pela igualdade em seu país e
negociou a paz em países flagelados por guerras civis, especialmente na
África. "Seu governo focou em desmantelar o legado do sistema do
apartheid, em combater e desafiar o racismo institucional, a pobreza e
desigualdade. Por tudo isso recebeu mais de 250 prêmios, incluindo o
Nobel da Paz", disse em seu editorial o jornal libanês Al Joumhouria.0
Outro jornal libanês, o An Nahar, salientou uma das
últimas intervenções de política externa de Mandela, quando se opôs à
invasão dos Estados Unidos ao Iraque, em 2003. "Em uma de suas
declarações, ele criticou duramente o então presidente americano George
W. Bush às vésperas da invasão do Iraque, em 2003, chamando-o de 'um
presidente sem visão, que não pode pensar propriamente e agora está
querendo jogar o mundo em um holocausto'".
O jornal egípcio Al Masry Al Youm salientou o carisma de
Mandela com povos de todas as culturas, etnias e religiões. "Ele
pregava a união entre os povos, a justiça e liberdade sem vingança
contra o opressor, mas o entendimento e o perdão. A África do Sul e o
mundo perdem um de seus maiores tesouros, um homem digno de todas as
honrarias", disse o jornal em um breve editorial.
Nas redes sociais, internautas árabes prestaram
homenagem ao ex-líder sul-africano, definindo Mandela como "uma
inspiração para gerações futuras e um homem sem alguém à altura no mundo
árabe".
"Não há um só líder árabe ou estadista que chegue à
altura de Mandela. Tudo que tivemos ou temos são ditadores, demagogos e
corruptos, que pregam ou pregaram o ódio, a vingança e a desigualdade.
Muitos, como islamitas fanáticos, perseguem as minorias. Tudo contra o
que Mandela pregava", disse um internauta em um comentário no Twitter.
"Somente as lições de Mandela poderão tirar o mundo
árabe nesta situação de conflitos e perseguições mútuas em que vivemos.
Deus abençoe Nelson Mandela", disse outro internauta.
Luta contra o apartheid
Em 1991, Mandela foi eleito o presidente do Congresso Nacional Africano, principal partido negro do país que fora banido nos anos 60 e recém retomava as atividades. Engajou-se de corpo e alma ao fim do regime segregacionista e, em 1993, conquistou o prêmio Nobel da Paz ao lado do presidente Frederik Willem de Klerk por seus esforços conjuntos pela reconciliação do povo sul-africano.
Em 1991, Mandela foi eleito o presidente do Congresso Nacional Africano, principal partido negro do país que fora banido nos anos 60 e recém retomava as atividades. Engajou-se de corpo e alma ao fim do regime segregacionista e, em 1993, conquistou o prêmio Nobel da Paz ao lado do presidente Frederik Willem de Klerk por seus esforços conjuntos pela reconciliação do povo sul-africano.
Em 27 de abril de 1994, foi eleito presidente nas
primeiras eleições multirraciais do país, colocando um ponto final no
regime segregacionista que governara a África do Sul por 46 anos.
Mandela tinha 95 anos e há muito lutava contra doenças
decorrentes do período em que permaneceu preso por conta de sua luta
contra o Apartheid, regime segregacionista que imperou durante décadas
no seu país. Ele passou 27 anos preso para depois se eleger presidente
da África do Sul, de 1994 a 1999.
Durante o último ano, Mandela havia passado muitos meses
internado em condições críticas, mas recentemente retornara para seu
lar, onde permaneceu até a quinta-feira, ao lado de familiares e amigos.
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