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terça-feira, 3 de setembro de 2013

GO: suspeito de mutilar pacientes é aprovado para atuar pelo Mais Médicos Carlos Mansilla responde a pelo menos 20 inquéritos policiais em Manaus, onde é acusado de causar lesões corporais em pacientes

Médico que responde a 15 processos é selecionado para atuar em Goiás
Médico Carlos Jorge Cury Mansilla (Foto: Reprodução/ Câmara dos Deputados)

Um médico suspeito de ter causado lesões corporais e mutilações em pelo menos 18 mulheres foi selecionado pelo Ministério da Saúde para atuar no programa Mais Médicos. Alvo de 20 inquéritos policiais em Manaus (AM), onde tinha uma clínica particular de cirurgia plástica, o médico e ex-deputado federal Carlos Jorge Cury Mansilla está designado para atuar no município de Águas Lindas de Goiás, a 193 quilômetros de Goiânia, no entorno do Distrito Federal.
Segundo o delegado Mariolino Brito, da 1ª Delegacia de Manaus, as denúncias contra Mansilla dizem respeito a procedimentos cirúrgicos realizados entre 2009 e 2012. As queixas partiram de mulheres que não se sentiram satisfeitas com o resultado de cirurgias plásticas. "Eram principalmente operações de seios, abdômen, glúteos, cirurgias para embelezamento. Elas reclamam que não ficou do jeito que elas haviam imaginado, e muitas delas apresentam sequelas e lesões permanentes", relata o delegado.
As investigações levaram, em julho deste ano, à suspensão por seis meses do registro de Mansilla junto ao Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas (Cremam). Segundo decisão do conselho, datada do dii 16 de julho, foi detectada "prova inequívoca de procedimento danoso realizado pelo médico, com fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, caso o profissional continue a exercer a Medicina".
O médico efetuou procedimentos não normatizados pelos nossos protocolos da norma culta, científica da Medicina brasileira
Jefferson Jezinipresidente do Cremam
Segundo o presidente do Cremam, Jefferson Jezini, o conselho coletou 18 queixas de pacientes de Jorge Cury Mansilla entre agosto de 2012 e fevereiro de 2013, em que ficaram constatados indícios de erros cometidos pelo médico. "Nós abrimos procedimento de sindicância. Nossa câmara técnica periciou todas as mulheres que supostamente foram mutiladas por ele, e, ao longo desse procedimentos, nós observamos que o médico efetuou procedimentos não normatizados pelos nossos protocolos da norma culta, científica da Medicina brasileira", afirmou Jezini.
De acordo com Jezini, Mansilla e seu advogado foram comunicados da decisão no dia 1º de agosto deste ano. "Ele deveria ter devolvido a carteira profissional em 24 horas, e não fez isso até hoje, o que configura má fé do profissional", acusa o presidente do Cremam, que acrescenta que o médico não estava habilitado a fazer cirurgias plásticas, já que não fez residência.
Mesmo com o registro suspenso, Mansilla conseguiu inscrever-se no programa Mais Médicos graças a um segundo registro profissional, junto ao Conselho Regional de Rondônia (Cremero), que permanece válido. Segundo o Ministério da Saúde, o profissional usou o número do registro em Rondônia para fazer a inscrição e, como não havia qualquer pendência em relação a sua documentação, foi aprovado para atuar no interior de Goiás.
"Ele entrou no Mais Médicos porque o (registro no) CRM (Conselho Regional de Medicina) dele está ativo, apesar dessa suspeita. Já no dia de hoje, buscamos notificar o CRM para saber o procedimento que está sendo feito e ver como lidar com o caso desse profissional", afirmou nesta terça-feira o ministro da Saúde, Alexandre Padilha
A pasta ainda alega que confia apenas no aval do Conselho Federal de Medicina (CFM) para verificar se os profissionais registrados no Brasil e inscritos no programa estão aptos a atuar, e que não constava qualquer informação quanto às denúncias contra Mansilla. Porém, diante da gravidade das denúncias, o ministério enviou nesta terça-feira uma notificação ao CFM, para que o órgão emita um parecer definindo a situação do médico.
terra.com

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