O chefe da máfia italiana Roberto Pannunzi, considerado pela polícia local como "o maior traficante de cocaína do mundo", chegou à Itália neste sábado, deportado da Colômbia.
Segundo a imprensa italiana, Pannunzi, de 65, sorriu ao desembarcar no aeroporto Fiumicino de Roma, de um voo regular da Alitalia, escoltado pelas polícias italiana e colombiana.
O "Pablo Escobar italiano" foi detido na sexta-feira, em um shopping, com um documento de identidade venezuelano falso, e deportado pelo governo colombiano às 22h locais (00h, horário de Brasília), algumas horas após sua prisão, em Bogotá.
Sua prisão, realizada ao longo de uma operação da polícia colombiana com a Agência para repressão de narcóticos dos Estados Unidos (DEA), ocorreu num shopping situado ao norte de Bogotá. No momento da captura, Pannunzio usava uma falsa carteira de identidade da Venezuela, com o nome de Silvano Martino, informou o Ministério da Defesa.
Os investigadores declararam que Pannunzi, chamado de "Bebê" por seus sócios, organizava envios maciços de cocaína da América do Sul para a Europa, mas conseguiu se manter relativamente anônimo no mundo do crime.
"Bebê não é um mafioso, nem um assassino. Bebê é um negociante", disse o italiano Roberto Saviano, jornalista investigativo que publicou um livro sobre o comércio mundial de cocaína no início de 2013.
"Sua detenção pode mudar a história do tráfico de drogas na Itália e internacionalmente", comentou Saviano, explicando que Pannunzi "mudou a forma como o negócio opera; ele compreendeu a nova dinâmica do mercado da cocaína".
"Ele recolheu dinheiro das diversas famílias, frequentemente famílias rivais, e comprou cocaína na Colômbia. Ele conseguia administrar frotas de navios para trazê-la para a Europa", completou.
Em entrevista coletiva neste sábado, o diretor da polícia colombiana, general José Roberto León, disse que Pannunzi "era alvo de constantes investigações" a pedido das autoridades italianas. Ele explicou ainda que a rápida deportação do traficante ocorreu com um "pedido imediato" do governo italiano.
Segundo as autoridades colombianas, o italiano era objeto de quatro mandados de prisão por tráfico de drogas e associação criminosa com a máfia. Ele pode cumprir pena de 16 anos e meio de prisão na Itália.
"Ele é procurado pela Justiça italiana por meio de uma circular da Interpol", informou o ministério colombiano.
Neste sábado, a polícia disse que Pannunzi "era considerado um dos principais atores da organização criminosa italiana 'A Ndrangheta' (que funciona na Calábria, sul da Itália), que possui diversos braços ao redor do mundo". Ele mantém laços estreitos com os cartéis de droga colombiano e mexicano, assim como com a siciliana Cosa Nostra.
"Pannunzi também é acusado de ter mandado mais de duas toneladas de cocaína por mês para a Europa", declarou a polícia, acrescentando que o italiano agia como um intermediário no setor do tráfico de drogas internacional.
De acordo com o governo, Pannunzi "trabalha para os mais importantes cartéis do crime organizado na Itália, em particular os da Calábria".
O subchefe da Promotoria de Reggio Calabria (sul da Itália), Nicola Gratteri, contou que "Pannunzi é o único que pode vender tanto para a 'Ndrangheta' como para a Cosa Nostra. É, sem dúvida, o narcotraficante mais poderoso do mundo".
Pannunzi escapou de uma clínica de Roma, onde se encontrava sob prisão domiciliar em 2010, repetindo uma fuga similar de 1999. Antes disso, ele havia sido preso em um enterro da máfia, em 1994, na Colômbia.
Gratteri contou que, ao ser preso, na sexta-feira, Pannunzi disse à polícia que está doente. O promotor espera que o suspeito não seja colocado, novamente, sob prisão domiciliar em um hospital italiano.
"Poderia tentar uma terceira fuga. (...) É exaustivo ter de correr o mundo para encontrá-lo toda vez que ele escapa", disse Gratteri.
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