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domingo, 31 de março de 2013

Morador do DF cria 'facebook alternativo' e conquista um milhão de usuários em três meses A mirtesnet, ou rede da Dona Mirtes, esposa do criador, é inspirada em outras redes sociais

Criador e cria. Rede social conquista quase um milhão de usuários em três meses (mirtesnet.jpg) (mirtesnet.jpg)
Carlos Henrique do Nascimento, de 35 anos, criou a rede social "Mirtesnet". Em três meses 930 mil usuários do Brasil e do mundo fizeram cadastro no site. Cerca de 300 mil cadastrados são moradores do Distrito Federal

Uma nova rede social criada por um morador do Distrito Federal conquistou quase um milhão de usuários em menos de três meses. Os cadastros foram feitos por pessoas que moram na capital federal, em diversos Estados brasileiros e até em outros continentes e países, como Estados Unidos, Europa, África e Ásia.
O criador é o ex-publicitário Carlos Henrique do Nascimento, de 35 anos. A ideia surgiu há três anos como uma brincadeira. O objetivo inicial era tirar o foco do filho, que na época tinha oito anos, de criar uma conta no Facebook.
— Eu tinha conta lá e comecei a receber muito conteúdo inadequado. Notei que não havia controle no site deles e por isso não queria que ele criasse a conta. Aí comentei com meu filho: vamos fazer a nossa própria rede social. Ele topou e o projeto começou a ser colocado em prática.
Mesmo sem muitos conhecimentos na área de internet, informática e desenvolvimento, Nascimento escolheu junto com o filho o nome da nova rede social: Mirtesnet (www.mirtesnet.com.br). A escolha foi feita para homenagear ironicamente a mulher, que não queria que o marido e o filho continuassem com a ideia.
— Quis colocar o net no final para dar ideia de internet. Mirtes é o nome da minha mulher e ela achou muito ruim quando ouviu "Mirtesnet". Ficou legal, gostei e coloquei, mesmo contra a vontade dela. Até porque apelidos são para isso, né? Quando alguém gosta do apelido que você coloca, nem tem tanto efeito. Agora quando não gosta, fica interessante e o nome pega pra valer.
No início, o site era projetado com tons de azul e permitia postar notícias e comentários. A manutenção custava R$ 29,90 por mês. Começou com 40 usuários e esse número foi crescendo a cada dia, mesmo sem muita divulgação. Quando percebeu que o negócio estava indo bem, Nascimento decidiu aprimorar o projeto.
Sem dinheiro para investir, vendeu algumas coisas que tinha, pediu demissão do antigo emprego e contou com a ajuda de um amigo de uma década e empresário da área de consultoria jurídica, que passou para frente um carro avaliado em R$ 9 mil e cedeu uma sala comercial que ele tem em um prédio na área central de Brasília para sediar o empreendimento do amigo.
Com o dinheiro recebido, algo em torno de R$ 13 mil, Nascimento contratou programadores profissionais para remodelar o sistema e o site. A nova versão, lançada há três meses, é produzida em tons de laranja e lembra bastante o Facebook, mas com identidade e funcionalidades próprias.
Agora, o site tornou-se em uma rede social de verdade e permite publicar conteúdos, vídeos, fotos, mensagens, comentários, além de promover a interação entre as pessoas. Para o criador, o diferencial é o controle feito automaticamente pelo sistema, que evita postagem de material pornográfico, e a permissão para que o usuário adicione quantas pessoas desejar, sem limite de pedidos.
— O objetivo é aproximar pessoas desconhecidas de qualquer lugar do mundo, não somente os amigos. Amigo por amigo usa o celular ou email para se comunicar. As outras redes sociais bloqueiam a conta quando você adiciona um número grande de pessoas e se é rede social isso não deveria acontecer.
No ar e ainda em fase de testes, a nova versão do site agora passa por "ajustes finos". O programador Natanael Lopes, de 23 anos, disse que está bem empolgado com a ideia e encara essa jornada como um "grande desafio".
Ele tem experiência na área há três anos, mas antes trabalhou como lavador de carros. Determinado a melhorar de vida, investiu nos estudos e começou a aprender a programação. Durante a entrevista ao R7, ele afirmou que é gratificante trabalhar em um projeto tão grandioso e de sucesso como tem sido o desenvolvimento dessa nova rede social.
— É um desafio, um grande desafio. O problema é que uma rede social como essa envolve todos os conceitos e práticas possíveis no mundo da programação, o que torna o trabalho bem mais difícil. Aqui no escritório trabalho das 9h às 17h, mas fico horas em casa estudando para colocar em prática novas ideias e soluções para o site no dia seguinte. É bom saber que tenho alguma participação nesse projeto e ver o reconhecimento das pessoas. Um milhão de usuários em tão pouco tempo é gente pra caramba.
O próximo passo agora é finalizar o site e criar novas funções para os usuários. Contratação de novos profissionais e a compra de um servidor  também fazem parte dos projetos a curto prazo do empreendedor, uma vez que o site recebe cinco mil novos cadastros por dia e tem, em média, 70 mil visitas diariamente.
Anunciantes
Para ajudar a pagar as despesas e a manter o site no ar, Nascimento abriu espaço para publicidade. O local destinado aos patrocinadores é bem parecido com o do Facebook e atualmente existem cinco empresas que fecharam contrato e pagam por mês R$ 500.
— O projeto está crescendo e tomando proporções que nunca imaginei e agora não posso nem quero parar. O salário do programador é R$ 2 mil e a mensalidade de hospedagem do site subiu para R$ 629. Meu amigo também me ajuda financeiramente quando pode, mas não é sempre que isso é possível. Apesar do grande sucesso, ainda não estou tendo lucros e todo o dinheiro que entra é revertido para quitar as dívidas contraídas para tornar esse sonho em realidade. Estamos correndo contra o tempo.
O nome e a marca foram patenteados e um CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) aberto. Agora, Nascimento faz planos grandiosos para um futuro próximo. A expectativa dele é conquistar o Brasil e o mundo a curto prazo, com uma rede social genuinamente brasileira.
— Quero que ela se torne a primeira grande rede social brasileira e seja a mais conhecida do Brasil. Assim como as pessoas perguntam hoje se fulano tem "perfil no face", em breve vão falar que têm "perfil no mirtes". É só questão de tempo e acredito muito que vai dar certo. Até minha mulher que antes não gostava já apoia a ideia. Aos poucos vamos dar uma identidade totalmente personalizada, com aquele jeitinho brasileiro de ser. 
r7

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