Em bom português, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) chutou o balde. O que, aliás, é, tem sido uma das suas especialidades. Joaquim Barbosa disse que "há muitos juízes para colocar para fora" do Judiciário.
O ministro Barbosa, que, certamente, sabe o que está falando, entende existir um "conluio entre juízes e advogados". Disse que isso é "pernicioso", fora das regras, e leva a decisões "graciosas".
O presidente do Supremo é contra juízes receberam advogados de apenas uma das partes em um processo. Como regra geral, sem que isso se torne um dogma, Barbosa parece estar com a razão.
Como o ministro, Barbosa foi duríssimo, para muitos, extrapolou em vários sentidos no julgamento do chamado "Mensalão", tem muita gente que o detesta. Pelo mesmo motivo, muita gente o aplaude nas ruas.
Há quem imagine o ministro Joaquim Barbosa candidato à Presidência da República. Sendo o Brasil o que é, com as qualidades e defeitos que tem o país, um Joaquim Barbosa presidente seria algo assim como um choque anafilático.
Só para lembrar: as associações de juízes andam em pé de guerra com Barbosa e lançam notas oficiais a respeito. Advogados estão no mesmo pé, idem, mesmo que reservadamente, alguns dos seus colegas no STF.
Isso não quer dizer que ele não tenha razão em várias, em muitas das polêmicas nas quais se envolve. O problema surge na forma. O ministro é excessivamente franco, digamos assim, ao expor suas opiniões.
Muitas vezes, Joaquim Barbosa chega a ser deselegante. Numa terra onde se diz que bons cabritos não berram e o chute em cachorro morto é um esporte, essa é uma química explosiva. Quem teme ver o ministro candidato a presidente pode ficar tranquilo.
Ele mesmo diz não ter phsique du rôle, ou seja, jeito pra isso. Para isso seriam inevitáveis acordos infindos; com PMDB, Kassab, Maluf, o de sempre… e Barbosa não consegue, ou não quer mesmo fazer acordos. É um presidente isolado, não busca acordos nem com seus pares no Supremo.
Imaginemos com uma "base parlamentar" em nome da "governabilidade".
Durante o processo do chamado "Mensalão", o ministro teve ampla cobertura, imenso espaço. Passado aquele momento, atingidos os objetivos, a cada dia fica mais claro que Joaquim Barbosa provoca incômodos nos que tanto o apoiaram. Nada, aliás, que não fosse previsível.
Joaquim Barbosa não é e nem parece querer ser do "Clube" onde tudo, sempre, se resolve com uma boa conversa entre amigos. Ou, mesmo entre inimigos.
A propósito das críticas de Barbosa a esse jeito brasileiro de operar, há uma pesquisa significativa sobre corrupção. Feita pelo Vox Populi para a Universidade Federal de Minas Gerais.
Essa pesquisa mostra, por exemplo, que um em cada quatro brasileiros não considera corrupção subornar o guarda de trânsito. E um em cada três não acredita ser corrupção sonegar impostos. Sonega-se porque "os políticos vão roubar". Essa é a justificativa, sempre.
Claro, o Brasil é um país que tem corrupção, mas não tem corruptores. E onde o corrupto é sempre… o outro. O outro partido, o vizinho, por aí afora…
terra
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