Uma entre cada cinco vítimas de trânsito atendidas em prontos-socorros brasileiros ingeriu bebida alcoólica, aponta levantamento do Ministério da Saúde. O trabalho identificou o consumo de álcool também em boa parte dos pacientes com ferimentos provocados por outros acidentes e violência. Das vítimas de agressão, 49% haviam bebido. Nas lesões autoprovocadas (como acidentes causados pela própria pessoa, intencionalmente ou não), outros 36,5%.
A pesquisa foi feita a partir da análise de atendimentos de 47,4 mil pacientes em 71 serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) do Distrito Federal e das capitais brasileiras. Todos com ferimentos provocados por violência ou acidentes. "O trabalho mostra que o álcool está associado não apenas ao agente da agressão ou ao causador do acidente, mas também às vítimas", disse o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. Um exemplo claro está entre os envolvidos nos acidentes de trânsito: 21,4% dos pedestres, 22,3% dos condutores e 17,7% dos passageiros apresentavam sinais de consumo de bebida.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que os dados podem ser usados para estabelecer políticas de prevenção e nortear ações de fiscalização, sobretudo no trânsito. "Os indicadores mostram que os Estados que apertaram o cerco, fizeram blitze para fiscalizar o cumprimento da lei seca, reduziram de forma expressiva o número de acidentes", afirmou. O ministro em exercício das Cidades, Alexandre Cordeiro Macedo, também defendeu maior fiscalização. "Além da conscientização da população e de legislação forte, é preciso fiscalização", completou.
O estudo divulgado na terça-feira (19) mostrou também que o consumo de bebida alcoólica foi maior entre pacientes homens: 54,3% dos que sofreram violência e 24,9% dos que se envolveram em acidente de trânsito tinham ingerido álcool. Entre as mulheres, os porcentuais foram de 31,5% e 10,2%, respectivamente.
O ministro da Saúde e o ministro interino das Cidades criticaram o uso de aplicativos para identificar blitze no trânsito. "Se eu sou contra a associação de álcool e direção, sou contra aplicativos que ajudam a burlar a fiscalização", disse Padilha. De acordo com Macedo, a criação de mecanismos para contornar o uso destas ferramentas está em discussão, mas requer a aprovação de uma lei.
Padilha acrescentou que aplicação da lei seca já começa a trazer resultado, pois houve uma redução no ritmo de aumento das internações provocadas por acidentes de trânsito, em relação à frota de veículos. Em 2012, foram 157 mil. Em 2011, 153 mil.
Lígia Formenti
r7
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