BRASÍLIA, 14 Dez (Reuters) - A economia brasileira começou o quarto trimestre acelerando o passo, com alta acima do esperado pelo mercado, mas ainda não suficiente para sustentar avaliações de que a recuperação veio para ficar.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) subiu 0,36 por cento em outubro ante setembro, mês este que havia registrado queda mensal de 0,52 por cento.
O resultado de agora, divulgado nesta sexta-feira, veio acima da mediana das projeções de 20 analistas consultados pela Reuters, que mostrava alta de 0,20 por cento no período. As contas variavam de queda de 0,10 por centro a alta de 1 por cento.
Na comparação com igual mês do ano anterior, o IBC-Br --tido como um antecedente do Produto Interno Bruto (PIB)-- avançou 3,20 por cento e, em 12 meses, acumula alta de 1,21 por cento, de acordo com dados dessazonalizados do BC.
O IBC-Br incorpora estimativas para a produção nos três setores básicos da economia -serviços, indústria e agropecuária.
"O indicador está mostrando que a economia não está ganhando força significativa neste último trimestre", comentou o estrategista-chefe da WestLB, Luciano Rostagno, acrescentando que, na margem, o crescimento trimestral passou de 1,14 por cento em setembro para 1,06 por cento em outubro.
Com isso, Rostagno calcula que o PIB crescerá 1 por cento no quarto trimestre, 1 por cento em 2012 fechado, acelerando a 3,5 por cento em 2013. Ele mantém a avaliação de que, mesmo com as incertezas que cercam a recuperação da atividade, o BC não vai alterar a estratégia de manter a Selic na mínima histórica de 7,25 por cento ao ano em 2013.
O governo tem defendido que a economia começou a ganhar tração melhor neste fim de ano, depois de o PIB ter crescido apenas 0,6 por cento no terceiro trimestre, muito abaixo do esperado e deixando claro que a recuperação está sendo bem lenta. O resultado do trimestre passado veio com a pior retração dos investimentos em mais de três anos
O resultado do terceiro trimestre, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acabou vindo muito pior do que o resultado do IBC-Br, o que também chamou a atenção dos especialistas.
Analistas argumentam que o resultado de outubro refletiu os dados melhores do varejo e da indústria, mas argumentam que foram bastante estimulados pelas medidas do governo, como redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis e linha branca, programada para acabar no fim deste mês.
Para o economista da gestora de fundos Claritas Felipe Carvalho, diante da incerteza que ainda paira sobre o economia neste fim de ano, ele acredita que as medidas serão renovadas.
"Provavelmente deve ter renovação de IPI porque o cenário é de muita incerteza", disse ele, para quem o crescimento no quarto trimestre será de 0,9 por cento e de 3,3 por cento em 2013.
Além do IBC-Br, outros indicadores mostraram que a economia poderia estar ganhando mais força. Entre eles, as vendas no varejo, que cresceram em outubro pelo quinto mês seguido, com alta mensal de 0,8 por cento ante setembro, no maior ritmo desde julho.
A produção industrial, setor que vinha mostrando maior dificuldade de recuperação devido à crise mundial, voltou a subir em outubro, 0,9 por cento frente a setembro. Ainda assim permanecem sinais de que os investimentos no setor não estão se recuperando.
Pesquisa Focus do BC mostra que o mercado estima crescimento de 1,03 por cento em 2012, acelerando para 3,5 por cento em 2013.
O economista-sênior do Banco Espírito Santo, Flávio Serrano, também concorda que o BC não mudará a estratégia de manter a Selic estável no próximo ano, com foco no controle da inflação.
(Com reportagem adicional de Silvio Cascione, em São Paulo)
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