Torcedores protestam em frente a Academia de Futebol |
O sócio do Palmeiras está cada vez mais próximo de ter o direito de
escolher o presidente do seu clube. Em reunião do Conselho Deliberativo
na noite desta segunda-feira, na Academia de Futebol, a proposta de
eleições diretas para a presidência foi aprovada por unanimidade pelos
191 conselheiros presentes e só precisa agora do aval da Assembleia
Geral de sócios, a ser realizada em novembro, para passar a valer já em
2014.
Para o próximo pleito, em janeiro de 2013, não há tempo hábil para
efetuar a mudança de método.
Até o ex-presidente Mustafá Contursi, antes contrário ao projeto, votou a
favor. O também ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo e o candidato
derrotado nas últimas eleições, Paulo Nobre, foram as ausências mais
sentidas. Ambos alegaram motivos pessoais para não comparecer.
Como o Conselho aprovou a proposta, basta 50% mais um associado
aprovarem a medida na Assembleia, fato que é considerado “barbada”
dentro do clube.
Com o advento das Diretas, a maior parte dos sócios terá direito a voto
para presidente nas próximas eleições – titular há, no mínimo, três
anos. Hoje, apenas os cerca de 300 conselheiros decidem o futuro do
Palmeiras. A luta é para que, num futuro breve, até os sócios-torcedores
tenham o direito de escolher quem vai comandar o clube.
A votação contou com manifestação maciça do lado de fora da Academia de
Futebol. Torcedores se organizaram pelas redes sociais, e a estratégia
deu certo: a Avenida Marquês de São Vicente, na zona oeste de São Paulo,
ficou praticamente tomada pelos palmeirenses, que pediam a aprovação
das Diretas. Em outras reuniões do Conselho, os torcedores já haviam
protagonizado manifestações parecidas, sempre de forma pacífica.
Antes da aprovação do projeto, houve votação para se decidir se ela
seria aberta ou fechada - ou seja, se os conselheiros iriam ou não
declarar seus votos abertamente. Só duas pessoas votaram para que fosse
fechada, dentre elas o diretor jurídico, Piraci Oliveira.
Uma novela cheia de reviravoltas
A proposta por eleições diretas para a presidência do Palmeiras foi
protocolada em março do ano passado, com assinaturas de 81 conselheiros,
número suficiente para que o projeto já fosse colocado em votação. No
entanto, o presidente do Conselho, José Angelo Vergamini, engavetou a
solicitação e colocou outras propostas à frente das Diretas para votação
– inclusive aquelas que foram protocoladas só depois.
A resistência às Diretas acometia principalmente os mais conservadores,
ligados ao ex-presidente Mustafá Contursi. O Conselho só começou a se
mexer quando a torcida passou a tomar conhecimento do projeto e
pressionar os cardeais. Em várias reuniões dos conselheiros, torcedores
se reuniram em frente ao CT e se manifestaram a favor das eleições
diretas para a presidência.
Mustafá tentou melar as Diretas com o projeto de um Conselho Gestor, que
tiraria todo o poder do presidente eleito pelos sócios. Com esse
Conselho, o futebol seria gerido por três conselheiros – um deles
vitalício. A enorme pressão fez o ex-presidente retirar o projeto da
pauta, pelo menos por enquanto.
Em 8 de agosto deste ano, o primeiro sinal de que as Diretas sairiam do
papel: Vergamini convocou uma reunião extraordinária que contou com os
autores do projeto, incluindo o ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo.
Depois disso, cinco reuniões setoriais serviram para debater mudanças e
possíveis adendos ao projeto original.
Com tudo arredondado, a votação foi marcada para esta segunda-feira.
Se aprovada pelos sócios, as Diretas devem funcionar da seguinte forma:
uma chapa que quiser se candidatar precisa de pelo menos 10% de
aprovação no Conselho para poder iniciar sua campanha.
Depois, pelo projeto original, é eleito presidente quem conseguir
maioria simples dos votos em turno único – alguns setores trabalham para
que a eleição seja realizada em dois turnos. O sócio votante precisa
ter pelo menos três anos de ligação ao Palmeiras. O mandato do
presidente fica mantido em dois anos, com direito a uma reeleição.
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