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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Denúncia do mensalão fez Genoino 'pessoa amargurada', diz advogado Presidente do PT à época do mensalão é acusado de negociar propina. Segundo defesa, ele só cuidava da 'articulação' do PT, não de dinheiro.


O ex-presidente do PT José Genoino, um dos 38 réus do mensalão (Foto: Mauricio Lima / AFP)O ex-presidente do PT José Genoino, um dos 38
réus do mensalão (Foto: Mauricio Lima / AFP)
Apontado como um dos principais articuladores do mensalão pela Procuradoria Geral da República, José Genoino, que na época era presidente do PT, tem adotado a estratégia do silêncio até o julgamento do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Sobre esse assunto a única pessoa que fala é o meu advogado, Luis Fernando Pacheco. É essa a linha que eu tenho sempre adotado, de não me pronunciar. Não falo nada, zero. Só falo nos autos do processo", afirmou ao ser questionado sobre o tema pelo G1.
Hoje assessor especial do Ministério da Defesa, Genoino é um dos 38 réus do processo do mensalão, esquema que, segundo a Procuradoria, consistiu no desvio de recursos para o pagamento de propina a políticos em troca de apoio ao governo no Congresso.
Segundo a PGR, Genoino participou das negociações sobre repasses de dinheiro a partidos aliados e orientou a distribuição dos recursos do esquema.
O advogado do petista, Luis Fernando Pacheco, afirma que ele só era responsável pela “articulação política” do PT e que “questões financeiras” ficavam somente a cargo do então tesoureiro do partido, Delúbio Soares.
Pacheco relatou ainda ao G1 que Genoino se tornou uma “pessoa amargurada e triste” desde que o escândalo estourou, em 2005. Confira abaixo os principais trechos da entrevista.
É essa a linha que eu tenho sempre adotado, de não me pronunciar. Não falo nada, zero. Só falo nos autos do processo"
José Genoino ao G1
G1 - Por que Genoino não fala com a imprensa sobre o processo do mensalão?
Luis Fernando Pacheco -
O Genoino não fala com a imprensa sobre o tema desde 2005. Ele vem mantendo a coerência e se manifesta somente nos foros adequados, no Congresso, na Polícia Federal e nos autos. Fora disso ele nunca falou sobre o assunto. Somente nas instâncias de apuração. Não é uma estratégia traçada agora.
G1- Como o senhor tem se preparado para o julgamento?
Luis Fernando Pacheco -
Eu trabalho neste processo desde que ele se iniciou, acompanhei cada linha do processo, então não tem mais o que estudar. Eu me considero suficientemente preparado para exercer o direito de defesa que a mim me foi confiado. Então, estou curtindo férias de julho, mas claro que há uma expectativa. É um julgamento importante, mas tenho procurado não me deixar posicionar só por isso.
G1- Qual a expectativa para o julgamento? O senhor está otimista?
Luis Fernando Pacheco -
A defesa foi apresentada por escrito em setembro e nós iremos agora esgotar o direito de defesa com a sustentação oral. Será uma sustentação simples, que vai ressaltar os pontos principais da defesa que levam à absolvição de Genoino. Os fatos que serão demonstrados comprovam que ele não teve envolvimento com a atividade financeira do partido na época do caso.
Nós acreditamos que o mensalão não existiu. O que houve foi acertos entre as coligações partidárias"
Luis Fernando Pacheco, advogado de Genoino
G1 - Genoino é acusado de negociar, como presidente do PT, o pagamento a partidos em troca de apoio político. Qual será o argumento da defesa?
Luis Fernando Pacheco -
Ele foi um presidente que tratava das relações do PT com os movimentos sociais, com as bases do PT nos parlamentos, com as bases governistas, sempre na defesa intransigente do governo Lula, jamais com finanças.
G1- Ele tinha conhecimento dos repasses de recursos a partidos aliados?
Luis Fernando Pacheco -
Havia um conhecimento geral do diretório de que o partido passava por dificuldades financeiras e de que o PT tinha comprometimentos a cumprir com partidos da base, mas a forma de solucionar o problema foi totalmente delegada ao Delúbio Soares, até pelo cargo que ele exercia, de tesoureiro do partido. O Delúbio buscou a melhor a maneira de solucionar o problema e o advogado dele terá como demonstrar que ele agiu de maneira legítima.
G1- Na sua opinião, o mensalão existiu?
Luis Fernando Pacheco -
Nós acreditamos que o mensalão não existiu. O que houve foi acertos entre as coligações partidárias.
G1- O que mudou na vida de Genoino desde o escândalo do mensalão?
Luis Fernando Pacheco -
O Genoino, que é uma pessoa muito boa, na minha avaliação pessoal, se tornou uma pessoa mais amargurada. É um homem que não tem uma história de vida pobre, um homem que optou pela luta armada, viveu no Araguaia como camponês, foi preso, torturado. Ele venceu na vida pública, na defesa de seus ideais, e na defesa constante do que ele achava que era melhor para o país. De repente, ele foi tolhido por uma acusação leviana do Roberto Jefferson, que não é uma pessoa de fala coerente, que muda versões conforme o sabor do momento. Ele se tornou uma pessoa mais amargurada e triste por isso.
G1- Qual o legado do julgamento do mensalão?
Luis Fernando Pacheco - 
É um julgamento de grande importância histórica, acho que será um dos marcos da história do Judiciário. Acredito que a realização desse julgamento será o grande momento para a gente, para o Estado brasileiro fazer o reconhecimento à pessoa proba, honesta e comprometida com o país que é o José Genoino.
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